Após confronto com a polícia, garis prometem novo protesto no Rio
O grupo de garis que organizou ontem (1º) uma manifestação na avenida Presidente Vargas, e que chegou a entrar em confronto com a polícia ao tentar se aproximar do sambódromo do Rio de Janeiro, promete dar seguimento ao movimento neste domingo (2) de Carnaval.
Eles devem se reunir por volta do meio-dia em frente à prefeitura, onde uma advogada da Defensoria Pública deverá orientar os trabalhadores sobre os procedimentos que poderão ser tomados daqui para a frente.
Ontem, a desembargadora Rosana Salim Villela Travesedo, do Tribunal Regional do Trabalho do Estado do Rio de Janeiro (TRT-RJ), declarou a "abusividade e ilegalidade" de qualquer movimento de paralisação dos garis vinculados à Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb).
Fabio Teixeira-01.mar.13/Folhapress | ||
Garis protestaram e entraram em confronto com a polícia próximo ao sambódromo Rio neste sábado |
Na sentença, a juíza destaca que o "movimento paredista" ocorre no curso da negociação do dissídio coletivo de 2014 da categoria. Rosana Travesedo determinou a imediata suspensão do movimento, de forma a garantir o funcionamento dos serviços essenciais de coleta e disposição do lixo domiciliar e urbano, "sob pena de multa diária no caso de descumprimento". A multa tem valor de R$ 25 mil.
Segundo informou hoje (2) à "Agência Brasil" Fábio Araújo Coutinho, gari da Comlurb há 16 anos, o Sindicato de Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro havia convocado a greve, mas à meia-noite da última sexta-feira (28) enviou notificação à companhia, cancelando a paralisação. Fábio disse que o movimento foi criado entre os próprios garis e não tem uma liderança.
Os integrantes do grupo preferem não citar nomes, "para não serem perseguidos pela empresa", relatou. Acrescentou que neste domingo muitos funcionários estão sofrendo intimidação e assédio moral por parte de seus gerentes, para continuarem trabalhando.
Os garis da Comlurb reivindicam aumento do piso salarial, hoje de R$ 803, para R$ 1,2 mil. De acordo com Fábio Coutinho, a prefeitura ofereceu piso de R$ 877. A categoria pleiteia ainda aumento do tíquete-refeição de R$ 12 para R$ 20 por dia, a volta do pagamento do triênio e do quinquênio, "que nos foram tirados", além do pagamento de horas extras pelos domingos e feriados trabalhados.
A Comlurb, disse Fábio, não paga horas extras pelo trabalho nesses dias e oferece apenas um tíquete de R$ 12. "Os funcionários são tratados quase como escravos e fazem os serviços sem segurança nenhuma", acrescentou.
A companhia não soube explicar até o momento a razão da grande quantidade de lixo acumulada na cidade, em especial nos Arcos da Lapa e ruas situadas no entorno. A empresa esclareceu, por meio de sua assessoria de imprensa, que como os foliões permanecem nas ruas à noite, após a passagens dos blocos, a limpeza só pode ser feita com as vias inteiramente livres, para permitir os serviços do caminhão varredeira e do lava-jato. A companhia está apurando se o excesso de detritos está relacionado com a manifestação do grupo de garis, "sem representatividade junto à categoria", segundo o sindicato.
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