Em greve, agentes penitenciários tentam barrar visita em prisão de SP
Agentes penitenciários tentaram impedir a entrada de visitantes no complexo de presídios Campinas-Hortolândia (interior de São Paulo) na manhã deste sábado (15).
De acordo com o Sindasp (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária), a ação dos servidores aconteceu de maneira independente, contrária ao posicionamento da entidade. A categoria está em greve desde a última segunda-feira, mas a interferência em transferências e transportes de presos foi proibida pela Justiça.
"Mesmo com a nossa orientação para que as visitas fossem feitas normalmente neste fim de semana, houve resistência de alguns companheiros, que quiseram radicalizar. Mas nós conseguimos convencê-los", explica o secretário-geral do Sindasp, Cícero Félix de Souza.
A SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), porém, alega que seu "departamento de inteligência tem a informação de que eles [os servidores] atuaram a pedido dos sindicatos que foram atingidos pela liminar".
Daniel Guimarães/Folhapress | ||
Visitas à presos acontece normalmente no CDP de Pinheiros durante greve de agentes penitenciários |
A liminar expedida na quinta (13) pelo juiz Sérgio Serrano Nunes Filho, da 1ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, diz que os agentes ficam proibidos de praticar medida que dificulte o exercício dos direitos dos presos, como as visitas do final de semana. A decisão prevê multa de R$ 100 mil por dia em caso de descumprimento para cada unidade prisional do Estado.
O Sindasp afirma não ter sido comunicado oficialmente pela Justiça. A SAP responde que a Procuradoria Geral do Estado notificou a organização "por e-mail, fax e pessoalmente".
A secretaria ainda diz que os efeitos da decisão judicial foram estendidos ao Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo), que também aderiu à mobilização e se alinhou favoravelmente à interdição de visitas já neste sábado e domingo.
As transferências de detentos para os presídios (os "bondes") continuam impedidas, disse Souza.
"A única abertura feita foi às visitas. A gente sabe da dificuldade que é não ter visita. Não temos nada contra elas, nem contra os presos. Nossas reivindicações são com o governo", afirma.
EXCEÇÃO
A visitação do próximo fim de semana, porém, não está garantida. Em nota divulgada em seu site oficial, o Sindasp afirma que "há uma pré-decisão da comissão para que, caso o governo não atenda as reivindicações da categoria e a greve continue na próxima semana, as visitas não serão liberadas nos dias 22 e 23 e todas as unidades serão trancadas".
O sindicato disse ainda não haver um encontro marcado para esta semana entre representantes dos servidores e do governo. Mas convocou uma manifestação para as 10h de terça (18) em frente ao Palácio dos Bandeirantes (zona sul), sede do governo estadual.
HISTÓRICO
A categoria pede reajuste salarial de 20,64%, redução de 8 para 6 classes e aposentadoria especial com 25 anos de carreira.
O governo, em reunião ocorrida na terça (11), ofereceu redução de 8 para 7 classes, pagamento de diárias especiais e reajuste do adicional de periculosidade para parte dos agentes penitenciários.
Em assembleia, os agentes decidiram manter a greve por tempo indeterminado até o governo aceitar as propostas da categoria.
O Sindasp informou que 125 dos 158 presídios do Estado aderiram à greve, equivalente a 70%.
O número de agentes que participam da ação é de 22 mil, o que representa 73% dos 30 mil servidores.
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