Tribunal ouve testemunhas no caso de morte de juíza no Rio de Janeiro
O tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, ex-comandante do Batalhão de São Gonçalo, começou a ser julgado nesta quinta-feira, acusado de ser o mandante da morte da juíza Patrícia Acioli, em 2011, no Tribunal do Júri de Niterói, na região metropolitana do Rio.
Ele é acusado dos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, mediante emboscada e com o objetivo de assegurar a impunidade) e por formação de quadrilha armada.
Até às 18h foram ouvidas seis testemunhas de acusação. Outras cinco testemunhas de defesa irão depor nesta quinta-feira.
O inspetor da Polícia Civil, Fernando Resende, deu um testemunho considerado chave pela promotoria.
Ele contou que, quando fazia a escolta do policial militar Jefferson Miranda para uma audiência do caso, ouviu o PM comentar que havia voltado atrás na delação premiada porque o coronel Oliveira tinha "mandado um recado".
Miranda, já condenado pela morte da juíza, também teria dito que o benefício da delação premiada não valia a pena para ele, pois ele já respondia por vários outros crimes.
Outra testemunha de acusação, a advogada Ana Claudia Lourenço –que chegou a defender alguns policiais envolvidos no crime, mas virou testemunha de acusação– afirmou que Miranda "fez isso por ser um frouxo".
O inspetor Ricardo Henriques, que participou da investigação do caso e também é testemunha de acusação, falou da personalidade do coronel.
De acordo com Henriques, Oliveira era conhecido ainda quando capitão era conhecido por sua ambição por todos os lucros de contravenções cometidas em sua área de atuação, o que lhe teria rendido o apelido "Tudão".
A defesa tentou desqualificar a suspeita afirmando que o coronel fechou várias casas de bingo e aprendeu inúmeras máquinas caça-níquel enquanto comandante.
Henriques também afirmou que o coronel Cláudio era temido e nutria "profundo ódio mortal pela juíza" desde que ela determinou a prisão de um major subordinado a ele.
O major teria sido preso por ter forjado um auto de resistência.
A primeira testemunha de defesa é o ex-comandante da Polícia Militar Mário Sérgio Britto Duarte. Ele explicou que convidou Oliveira para ser comandante por ele já ter sido premiado por bravura e considerado uma vez "o melhor policial do ano".
A amizade entre os dois surgiu durante o curso de operações policiais especiais, em 1989, curso de formação do Bope.
Oliveira comandava o 7º Batalhão de Polícia Militar (São Gonçalo) na época do crime.
Patrícia Acioli era juíza titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo quando foi morta, em 11 de agosto de 2011, com 21 tiros, ao chegar em casa, em Niterói, município vizinho. A magistrada atuava em processos em que os réus eram policiais militares do Batalhão de São Gonçalo envolvidos em supostos autos de resistência (quando há mortes em confrontos com a polícia) forjados.
Dos 11 PMs acusados de envolvimento no crime, seis já foram condenados. Apesar da sentença, no entanto, nenhum policial foi expulso da corporação até agora. De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça do Rio, não há previsão para o término do julgamento de Cláudio Oliveira.
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