Ex-senador boliviano morto em SP viajou em comitiva de Dilma a Moscou
Figurinha conhecida nas relações entre a Bolívia e o Brasil, o ex-senador Andrés Fermín Heredia Guzmán, assassinado ontem em São Paulo, tinha trânsito nos governos Lula e Dilma Rousseff, além de intermediar diversos negócios entre os dois países.
Em dezembro de 2012, Heredia participou da comitiva de Dilma que viajou a Moscou. Apresentou-se, segundo a publicação oficial "Gazeta Russa", como "diretor para assuntos internacionais" de duas mineradoras.
Em abril de 2006, Heredia realizou, em sua casa de La Paz, uma reunião entre José Dirceu e deputados da oposição. Na época, o já ex-ministro da Casa Civil de Lula foi à Bolívia como lobista do empresário Eike Batista, conforme a Folha revelou.
Entre 2006 e 2009, Heredia foi suplente do senador oposicionista Roger Pinto, atualmente asilado no Brasil.
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O ex-senador boliviano Andrés Guzmán e o empresário Olacyr de Moraes, em Moscou |
Nesse período, o partido governista Movimento ao Socialismo (MAS), de Evo Morales, muitas vezes precisava de apenas um voto para aprovar temas importantes.
O MAS então manobrava para barrar o ingresso de Pinto e substituí-lo por Heredia, que, mesmo sendo da oposição, votava com o governo.
Foi assim que, em novembro de 2006, o governo aprovou a polêmica Lei de Terras -que abria caminho para a reforma agrária.
Acusado de receber suborno e se dizendo ameaçado de morte, Heredia se refugiou dias depois em São Paulo.
A Folha o entrevistou nessa época em um apartamento duplex de alto padrão na Vila Mariana, que ele disse pertencer a um irmão.
Em português perfeito (era casado com um brasileira), ele negou ter recebido suborno e disse que foi convencido pelo governo sobre os benefícios do projeto.
Sobre uma mesa na sala, havia fotos dele ao lado dos então presidentes Lula, Néstor Kirchner (Argentina) e Hugo Chávez (Venezuela), além do ex-ministro José Dirceu.
Na Bolívia, Heredia também era conhecido por intermediar investimentos de empresas brasileiras no país, como a Vasp e a OAS.
Ele produzia, do Brasil, o programa de TV "Contactos Internacionales", transmitido na Bolívia.
Colaborou REYNALDO TUROLLO JR.
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