Polícia deve ouvir ferido para buscar suspeitos de depredar UPA no Rio
O delegado Eduardo Aragão, da 22ª DP (Penha), afirmou na manhã desta terça-feira que deve ouvir nas próximas horas o estudante Carlos Alberto de Souza Marcolino, 20, baleado no tórax, na noite de ontem, durante manifestação no Complexo do Alemão, zona norte do Rio. O jovem ficou ferido durante confronto entre policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) local e traficantes.
Manifestantes levaram o estudante para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região, mas por conta da demora do atendimento iniciaram uma série de depredações. Quebraram vidros, computadores, cadeiras e uma televisão na UPA.
Diana Brito/Folhapress | ||
UPA depredada por manifestantes na rua Itararé, acesso ao Complexo do Alemão |
Quatro ônibus foram incendiados. Uma clínica da família, que fica ao lado da UPA, também foi depredada.
Seguranças contam que ficaram acuados com dezenas de manifestantes. "Era muita gente. Tinha mais de 50 manifestantes – entre eles homens e mulheres. Eles estavam armados com pedras, ferros e paus e só queriam invadir", disse Vagner Carvalho, 38, um dos seguranças da clínica.
Marcolino foi levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, também na zona norte. Segundo a Secretaria de Saúde, ele levou um tiro no tórax, precisou passar por cirurgia para retirada da bala e, por volta das 11h de hoje, continuava internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
O estado de saúde dele é considerado grave, mas estável. De acordo com médicos, ele respira sem auxílio de aparelhos.
"Queremos ouvir esse estudante como testemunha já que o quebra-quebra começou assim que ele foi baleado. Queremos chegar aos outros suspeitos envolvidos no crime ao patrimônio", afirmou o delegado à Folha. A policia diz que o jovem tem dois registros na polícia pela Lei Maria da Penha.
Um homem identificado como Adilson da Luz foi preso e pode pegar até três anos de reclusão por dano ao patrimônio. Um adolescente de 16 anos também foi apreendido e levado para a Delegacia de Proteção à Criança e o Adolescente (DPCA). A polícia ainda investiga se os ataques seriam em represália a prisão de três criminosos locais, que chefiavam o tráfico de drogas.
Pela manhã, o policiamento foi reforçado na região. O clima era de aparente tranquilidade, mas a UPA e a Clínica da Família permaneciam fechadas na estrada do Itararé, em Ramos, um dos acessos ao Alemão. Pacientes se aglomeravam nas entradas das unidades.
"Tenho tuberculose e não deram o meu remédio. Fazer o que né. vou interromper o meu tratamento. Isso é terrível. Tumultuam as coisas e a gente que precisa é que paga por isso", lamentou o pedreiro Roberto Barbosa da Silva, 38.
NOVE ÔNIBUS INCENDIADOS
Além dos quatro ônibus queimados no entorno do Alemão, outros cinco veículos foram incendiados no bairro da Pavuna, próximo ao morro do Chapadão, também na zona norte da cidade — durante protesto pela morte de um adolescente em suposto confronto entre policiais militares e criminosos. Policiais civis da 39a DP (Pavuna) investigam o caso.
A Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) informou que estima um prejuízo de R$ 350 mil para cada ônibus incendiado. A Federação diz que não compensa para os empresários pagar seguro dos veículos.
"É um prejuízo para a população porque a montadora não entrega de imediato, demora de quatro a cinco meses. Enquanto isso, a frota fica menor", disse a assessoria de imprensa da Fetranspor.
A federação afirma que no total, só este ano, 41 ônibus foram incendiados e 13 depredados no Rio de Janeiro. A estimativa é de um prejuízo de cerca de R$ 15 milhões.
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