Condomínio em SP está há 5 meses sem internet e telefone
A publicidade das torres anunciava "uma oportunidade única de morar no coração de São Paulo". Em um condomínio de 18 mil m², os futuros moradores do Rennova e do Innova Cambuci teriam "completa estrutura de comércio e serviços" na avenida do Estado, no centro paulistano.
As chaves foram entregues em fevereiro, com quatro meses de antecedência. Mas, desde então, os condôminos do Cambuci não veem em casa dois dos serviços mais básicos da tal "estrutura": telefone fixo e internet.
"Parece que vivemos num deserto e não ao lado de metrô, bancos e prédios públicos", diz Mabel Gomes, 46.
Karime Xavier/Folhapress |
Mabel Gomes, 46, e seu filho Bruno, 25, no apartamento |
A esteticista mudou-se com os dois filhos para um dos 406 apartamentos dos edifícios. Vai levar quase 30 anos para quitá-lo por um financiamento do Minha Casa Minha Vida e conta que nem nos primeiros meses conseguiu se empolgar.
"Sou autônoma e hoje não posso indicar um telefone para meus clientes", diz.
Para seu filho Bruno Gomes, 25, a situação é extrema. Ele é analista de sistemas e tem de ficar disponível para fazer atendimento a distância, se requisitado.
"O 3G do celular também é intermitente no prédio. Já saí correndo pela rua procurando um lugar com internet sem fio para poder trabalhar", diz.
'IDADE DA PEDRA'
Um dos conselheiros do condomínio, Adivaldo Pego, 32, diz que há cinco meses que os moradores vêm pedindo a instalação dos serviços.
"Cada vez nos passam um prazo novo: 90, 30, 60 dias. Um vizinho desistiu e já pôs o apartamento para alugar. Ninguém aguenta viver na idade da pedra", conta.
Pego afirma que mesmo moradores que pediram a transferência da linha telefônica de outro endereço estão sem o serviço. "Mas a conta tem chegado igual e eles preferem pagar a ficar com o nome sujo", diz.
Dos quatro grandes serviços de telecomunicação, a telefonia fixa é o único cujo atendimento é obrigatório, segundo a Anatel (agência nacional que regula o setor).
Os demais –internet, telefonia móvel e TV por assinatura– não têm acesso universal assegurado por lei e dependem de a empresa querer oferecer o serviço –modelo criticado por especialistas.
Em São Paulo, a concessionária é a Telefônica/Vivo, que tem de instalar telefones fixos em no máximo sete dias.
A empresa diz que, no condomínio do Cambuci, a instalação do serviço atrasou devido a problemas na rede interna dos prédios, resolvidos na última semana, e que agora deve instalar a telefonia fixa em até 60 dias.
A construtora Engelux, diz que os prédios foram entregues com "toda a infraestrutura necessária" para receber serviços de telecomunicação.
Das 3,1 milhões de reclamações de serviços de telecomunicação recebidas pela Anatel no ano passado, 32% se referiam a telefone fixo, e 15%, a banda larga.
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