Base racha e Haddad se desgasta na Câmara
Com a base de apoio descontente, a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) tem colecionado desgaste e derrotas em projetos estratégicos na Câmara Municipal.
Num intervalo de seis meses, vereadores impuseram dificuldades ao petista em ao menos oito situações, que vão da aprovação do IPTU à do Plano Diretor -que define as diretrizes urbanísticas para a cidade nos
próximos 16 anos.
O último revés foi na quarta (18), quando a bancada boicotou a votação do projeto que dava ao Executivo a possibilidade de decretar feriados em jogos do Brasil na Copa.
O fato irritou Haddad, que havia recebido a garantia da aprovação por petistas.
O prefeito, que começou sua gestão com apoio de 11 partidos e 40 dos 55 vereadores, enfrenta resistência por vários motivos, dizem parlamentares ouvidos pela Folha.
Há queixas sobre a falta de conversas, poder limitado de influência nas subprefeituras e descumprimento de promessas de secretários de Haddad para nomear aliados.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Já a oposição questiona intenções políticas em projetos (como ceder áreas para sem-teto) e a falta de prioridades (como a decisão de decretar feriado de última hora, no meio de outras discussões).
Um dos integrantes da base conta que, sob Gilberto Kassab (PSD), ex-secretários como Cláudio Lembo retornavam às ligações tarde da noite com tratamento respeitoso, de "senhor vereador".
O desgaste com Haddad foi acentuado neste mês após sua gestão enviar só 18 ingressos para a Câmara para a abertura da Copa -descontentes pelos que ficaram sem, os vereadores os devolveram.
"Não souberam atender a necessidade de o vereador ter um ingresso e participar da abertura", afirmou o vereador Adilson Amadeu (PTB).
O episódio está entre os que tiraram o foco da Casa para a segunda votação do Plano Diretor, principal preocupação de Haddad. A base petista queria aprová-lo antes da Copa, mas nem começou a discussão em
plenário.
O secretário de Relações Governamentais do petista, Paulo Frateschi, deve se reunir na terça (24) com as lideranças da Casa para tentar contornar a resistência.
Entre os descontentes há até petistas. Questionado, o líder do partido, Alfredinho (PT), afirma que "os 11 do PT têm votado alinhados".
O resultado do desgaste levou à perda de poder de Haddad na Câmara. Em abril, o vereador Milton Leite (DEM) derrotou Paulo Fiorilo (PT) para a presidência da Comissão de Finanças, estratégica para aprovar o Orçamento.
A derrota alimentou o medo da reedição do "centrão", que tinha Leite entre os membros. Criado em 2005, o bloco chegou a reunir 17 vereadores e deu trabalho a Kassab. Antigos membros do grupo ajudaram a
boicotar a tentativa de aprovar o feriado.
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