PM utiliza bombas de gás para impedir ocupação de prédio no centro de SP
A PM impediu a ocupação por sem-teto ligados ao MLMD (Movimento de Luta por Moradia Digna) de um prédio comercial de sete andares, na Vila Buarque, região central de São Paulo, na madrugada desta segunda-feira (21).
O edifício, localizado a uma quadra de uma base da PM, tinha a faixa de uma imobiliária informando que estava para alugar.
Os policiais militares disseram que estavam em patrulhamento pela região quando viram os sem-teto invadindo por volta da 1h o prédio na rua Doutor Cesário Mota e pediram reforço. Segundo a PM, cerca de 240 pessoas estavam invadindo o local.
Cerca de 20 minutos depois do grupo entrar no prédio chegaram ao local policiais da Tropa de Chopa da PM. Os sem-teto disseram que ao menos 150 pessoas estavam dentro do prédio e outras 200 do lado de fora.
Os sem-teto disseram que os policiais jogaram duas bombas de gás lacrimogêneo na entrada do prédio e deram um tiro de bala de borracha na porta. A reportagem da Folha encontrou duas cápsulas deflagradas de gás lacrimogêneo na rua, uma delas com prazo de validade expirado.
Segundo Ricardo Luciano Lima, líder do movimento, o grupo estava segurando a porta para impedir a entrada da PM e só desistiu porque um bebê começou a passar mal devido ao gás. "Um rapaz, que segurava o bebê, apanhou da polícia", disse. Duas pessoas ligadas a MLMD foram detidas.
Lima reclamou da "truculência da PM" e disse que o grupo só não apanhou porque a imprensa chegou ao local. Após a confusão, os sem-teto deixaram o local. Policiais permaneceram em frente ao prédio fazendo a segurança.
Procurada, a PM informou que os policiais tentaram negociar, sem sucesso, com os sem-teto. "Alguns indivíduos montaram uma barreira e tentaram agredir os PMs com pedaços de vidro", diz nota enviada pela PM.
Ainda segundo a PM, parte do grupo já estava dentro do edifício e outra parte, que estava do lado de fora, teria começado a ultrapassar a área de isolamento montada pelos policiais o que, segundo a PM, teria causado grande tumulto "obrigando os policiais militares a fazerem o uso de munição química para conter a situação". De acordo com a PM, neste momento o grupo dispersou.
A PM diz ainda que duas pessoas foram detidas, sendo que um deles possuía antecedente criminal por furto. "Os policiais realizaram uma varredura no edifício, que possui oito andares de salas comerciais e encontraram, acuado no último andar, o zelador do prédio", afirma a PM.
Martha Alves/Folhapress | ||
Polícia Militar utiliza bombas de gás vencidas para impedir ocupação de prédio no centro de São Paulo |
GÁS LACRIMOGÊNEO VENCIDO
Das duas cápsulas de gás lacrimogêneo deflagradas pela PM para impedir a ocupação do prédio no centro de São Paulo, em ao menos uma delas é possível ver que o prazo de validade havia expirado.
A arma não letal pertence ao lote ACL-E fabricado em maio de 2008 e com validade até maio de 2014, produzido pela brasileira Condor Tecnologias Não-Letais. A outra cápsula estava com a embalagem danificada e não era possível ver o lote.
No ano passado, a PM utilizou por duas vezes armamento não letal com prazo de validade expirado para dispersar pessoas em atos realizado na capital.
A própria PM informou, na ocasião, que isso não afeta a saúde das pessoas. O risco "seria apenas para o agente de segurança, pois o tempo para o início da queima poderá ser abreviado".
A cápsula de gás lacrimogêneo obtida pela sãopaulo no protesto de 11 de junho –lote QI-H fabricado em agosto de 2007– tinha validade sugerida pelo fabricante até agosto de 2010.
A informação estava impressa no corpo do projétil, produzido pela Condor Tecnologias Não-Letais. Nele, ainda seguia o aviso "atenção: oferece perigo se utilizado após o prazo de validade". Durante o protesto na época, imagens de casos iguais circularam nas redes sociais.
A PM disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a "suposta imagem mostrada por alguns veículos de comunicação aparenta ser, em uma análise preliminar, de uma munição fumígena (produz fumaça apenas)".
"Se, de fato, constatado o vencimento, o único risco inerente seria o da munição não funcionar. Não existe nenhum perigo à saúde das pessoas. O prazo de validade não altera o princípio ativo da munição. O "perigo" seria apenas para o agente de segurança, pois o tempo para o início da queima poderá ser abreviado", continua. "Cabe salientar que a Polícia Militar obedece as normas técnicas para o uso de munição."
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