MTST promete mobilizações contra governo estadual após reintegração
O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e colunista da Folha, Guilherme Boulos, afirmou que o movimento fará "grandes mobilizações nos próximos dias" contra a reintegração de posse na ocupação Portal do Povo na região do Morumbi, na zona oeste de São Paulo. O terreno foi retomado na manhã desta segunda-feira (28) pela Polícia Militar.
Boulos afirmou que o grupo vai definir quais serão as ações em reunião na tarde desta segunda, mas que o alvo será o governo estadual.
Às 10h30, cerca de 50 pessoas estavam na calçada em frente à invasão. Funcionários da construtora Even, dona do terreno, instalaram chapas de ferro para aumentar a altura do muro após a saída dos acampados no local.
O grupo de sem-teto invadiu o terreno no dia 20 de junho.
Sentado em um botijão de gás e com sua sacolas com roupas, o eletricista Morais Ramos, 25, disse que morava no local desde o início da invasão e não sabe para onde vai agora. "Tomei um susto quando os policiais chegaram destruindo nossos barracos e agora não sei para onde vou. Antes eu morava na [ocupação] Faixa de Gaza e terei que procurar outro lugar para viver", disse.
Segundo Boulos, eles já esperavam a reintegração de posse, mas um acordo feito entre o movimento e a Polícia Militar previa que ela ocorresse apenas na quinta-feira (31). "O governo não foi capaz de cumprir um simples acordo e nos pegou de surpresa, imagine as promessas eleitorais. Policiais ainda derrubaram todos os barracos e jogaram alimentos de uma cozinha coletiva no chão", afirmou.
Boulos afirmou que a maior parte dos acampados no local mora de aluguel ou em áreas de risco na região e não descarta que alguns irão para outras ocupações. "Tínhamos 3.000 famílias aqui e o destino deles ainda será avaliado", disse.
A Secretaria de Segurança Pública afirmou em nota que "não houve descumprimento de nenhum acordo. Há uma determinação judicial para que a área fosse desocupada em meados de julho. No dia 17, a pedido dos moradores e da própria PM, a Justiça alongou o prazo ATÉ o dia 31".
A pasta disse ainda que a "operação desta segunda-feira era de conhecimento da Justiça, que enviou representantes para uma reunião preparatória, ocorrida na sexta-feira (25), da qual participou também a prefeitura."
Em nota, a construtora afirmou que "reconhece que o país enfrenta um déficit habitacional e entende que a luta por moradia é legítima", mas discorda dos métodos adotados pelo MTST e "acredita que o assunto precisa ser endereçado ao poder público."
Segundo a construtora Even, o terreno no Morumbi tem 60 mil m² e o preço médio do metro quadrado construído na região é de R$ 7.000.
No espaço, que foi adquirido há três anos pela empresa, deve ser erguido um conjunto de prédios residenciais. A construtora afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que o projeto executivo já está em tramitação na prefeitura e a Even espera lançar o condomínio no final deste ano.
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