Governo entende protesto só como questão segurança, diz pesquisadora
A relação conflituosa entre a polícia e os manifestantes foi o principal assunto debatido na tarde desta quinta-feira (31) durante o 8° encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em São Paulo.
O painel sobre os legados da Copa para a segurança pública teve momentos de tensão entre pesquisadores e policiais que estavam na plateia. O evento foi realizado pelo fórum em parceria com a FGV (Fundação Getulio Vargas) e a Folha.
Para a pesquisadora Tania Pinc, da FGV, a polícia brasileira adotou um "paradigma de uso da força" para lidar com os manifestantes, o que demonstra que os governos entendem os protestos como uma questão estritamente de segurança.
Com isso, disse Pinc, os governos se retiraram do debate das pautas apresentadas nas ruas. "Uma alternativa seria o paradigma do diálogo", afirmou, citando como exemplo os protocolos de atuação da polícia na Argentina e no Canadá.
Ainda segundo Pinc, não é possível avaliar neste momento quais serão os impactos do esquema especial adotado durante a Copa na segurança pública daqui em diante.
Já para Miguel Libório, contratado pela Fifa para estruturar a segurança no Mundial, os principais ganhos foram a integração entre as diferentes polícias (militar, civil, federal) e a imagem positiva que o Brasil passou para o mundo, o que deve atrair novos grandes eventos para o país.
Libório mencionou os centros integrados de comando, instalados nas 12 cidades-sede pelo governo federal, como um dos legados da Copa.
Em resposta ao "otimismo" do palestrante, um policial civil do Rio Grande do Sul e um ativista de Minas Gerais que estava na plateia perguntaram se o fato de a Polícia Civil do Rio de Janeiro ter investigado Bakunin (filósofo anarquista) no inquérito sobre "black blocs" também seria um legado da Copa.
O episódio é apontado como exemplo do despreparo das polícias.
"Acho muito pequeno pegar um erro de um profissional para desqualificar o trabalho de uma polícia bicentenária", respondeu Roberto Alzir, representante da Secretaria de Segurança do Rio no debate.
O pesquisador Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, apontou "gargalos" nas investigações que levaram o estudante e funcionário da USP Fábio Hideki à prisão. Segundo Manso, as provas contra Hideki são baseadas em testemunhos de policiais.
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