Moradores de favela tentam impedir reintegração na zona sul de SP
Moradores de uma favela tentam na manhã desta quinta-feira impedir a reintegração de posse de uma área invadida na rua Estevão Pedroso, na região do Parque Bristol, zona sul de São Paulo.
Desde o início da madrugada o grupo faz barricadas com blocos de concreto e fogueiras com pedaços de madeira e colchões nas entradas da favela para impedir a entrada da PM.
Segundo o grupo, cerca de 350 famílias moram na área ocupada.
Os moradores mostraram a Folha um documento do batalhão da área, com data de 13 de agosto, informando que a reintegração de posse do local iniciaria as 4h30 desta quinta.
O grupo reclama do pouco tempo dado para deixarem o local. Eles também disseram que até o momento não receberam ajuda da prefeitura.
Com medo da ação da PM, parte do grupo separou lotes com estacas de madeira em um campo de futebol ao lado para demarcar o espaço para montar barracas. Na terra, eles escreveram em letras brancas a frase "lutamos por moradia na paz".
Muitas famílias retiraram móveis e eletrodomésticos das casas durante a madrugada e colocaram na rua.
A PM bloqueou todos os acessos a favela, mas ainda não se pronunciou sobre a ação.
Bruno Poletti/Folhapress | ||
Moradores de favela em terreno invadido na região do Parque Bristol, zona sul de SP, fazem barricadas |
Sentada em uma cadeira ao lao de uma fogueira, a desempregada Maria de Fátima Ricardo, 58, que mora sozinha em um barraco, reclama que não tem para onde ir. Ela retirou móveis e eletrodomésticos do barraco. "Agora o que eu faço? Para onde eu vou?", disse.
Chorando, a desempregada Horaldina Maria Marinho da Silva, 49, disse que "aplicou" R$ 4.500 no barraco e R$ 500 para arrumar. "Eu nunca passei por isso, sinceramente não sei o que fazer", lamenta.
Sentados na cama de casal com uma criança de três anos, a auxiliar de limpeza Lucileide Oliveira Pinto e o marido Adão Pereira da Costa olhavam desanimados para os móveis e eletrodomésticos sem saber o que fazer. "Eu não tenho condições de pagar aluguel, meu marido está desempregado. Esta todo mundo desesperado, não tenho para onde ir."
ATAQUE
A rua Padre Arlindo Vieira está interditada devido a um ônibus incendiado que permanecia no local por volta das 3h. Alguns dos sem-teto admitiram que atearam fogo a dois coletivos, por volta das 19h30 de quarta-feira (20).
Um dos coletivos ficou totalmente destruído e o outro o motorista conseguiu apagar o fogo. Equipes da Polícia Militar estão no local.
Segundo a Viasul, os ônibus da companhia vão circular normalmente apesar do protesto. A garagem da região opera 30 linhas que ligam a zona sul ao centro da capital.
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