Cidade do PR aguarda notícias de naufrágio; 2º corpo é achado
Os moradores de Alvorada do Sul, município de 11 mil habitantes no norte do Paraná, vivem um misto de comoção e esperança desde o naufrágio de um barco hotel no rio Paraguai, no fim da tarde de quarta-feira (24).
Cinco moradores da cidade estão entre os 12 desaparecidos do acidente, ocorrido nas proximidades de Porto Murtinho (a 462 km de Campo Grande), na fronteira com o Paraguai. Treze pessoas foram resgatadas com vida.
Nesta tarde, foi encontrado o corpo da segunda vítima. De acordo com o delegado Rodrigo Nunes Zanota, da Polícia Civil em Porto Murtinho, o corpo de Antônio Moacir Pontelo, morador de Alvorada do Sul, está passando por perícia e deve ser liberado ainda hoje para a família.
"Nossa cidade dormiu e amanheceu em desespero", resume o vereador Onivaldo Piovezani (PDT).
Wilhan Santin/Folhapress | ||
Cinco moradores da cidade de Alvorada do Sul (PR) estão entre os desaparecidos de naufrágio de um barco |
Na casa do comerciante Lucas Vagner Orlando, 45, um dos desaparecidos, dezenas de pessoas, entre parentes, amigos e funcionários do armarinho do qual ele é proprietário aguardam um toque do telefone.
"Foi a primeira vez que o Lucas foi numa viagem desta. Ficou um ano pagando. Ele estava precisando de férias, por isso fiquei feliz com o fato de ele ir. Agora estamos aqui, desesperados", disse a mulher do comerciante, Márcia Aparecida Garcia Orlando.
Os familiares do agricultor Pedro Borges, 53, estão na mesma situação. Amante da pescaria, ele já havia feito outra excursão ao Pantanal e costumava pescar na própria região onde mora.
"Esperar é a única coisa que podemos fazer", afirmou, emocionada, a mulher do agricultor, Lúcia Aparecida Borges.
De acordo com o capitão Alexandre Brandão da Silva, da Marinha do Brasil em Porto Murtinho, a embarcação já foi localizada.
Ele disse ainda que não é possível afirmar se os demais corpos estão ou não no barco. "Estamos trabalhando, de forma intensa, com mergulhadores no local, para encontrar as vítimas."
O prefeito de Alvorada do Sul, João Carlos Peres (PDT), está em contato com a Marinha, acompanhando as notícias sobre as buscas. "Torcemos para que estejam vivos os nossos amigos. Estamos desorientados, abalados. Aqui todos se conhecem."
Um almoço festivo que seria realizado no próximo domingo pela comunidade italiana da cidade foi cancelado. Nas escolas, as atividades foram mantidas, mas praticamente não houve aulas.
"As crianças estavam muito tristes, porque sempre tem o pai de algum amiguinho que está entre as vítimas. Para nós também foi difícil abordar outro assunto que não fosse o naufrágio", relatou a professora Maria Lúcia Buhrer.
Na entrada da cidade, uma grande escultura de um pescador foi instalada à margem de um pequeno lago. A atividade é comum entre os moradores, já que mais de 20% das terras da cidade são tomadas pelas águas da represa da usina hidrelétrica de Capivara.
Os rios do Mato Grosso do Sul também são destino frequente de moradores da região, especialmente nesta época do ano.
Ao todo, cerca de 20 pessoas viajaram em excursão para o Pantanal. Elas deixaram a cidade paranaense na sexta-feira, dia 19. Parte do grupo estava em outra embarcação, que não naufragou.
TORNADO
Uma tempestade atingia a região no horário em que a embarcação naufragou em Porto Murtinho, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Segundo o instituto, as condições das nuvens formadas no local poderiam provocar de uma tempestade de granizo a um tornado.
"Apesar do pouco volume de chuva registrado pela nossa estação na cidade (13 mm), as nuvens tinham condições de provocar um tempo severo", afirma Olívio Bahia, meteorologista do Inpe.
A chuva associada a um vendaval que atingiu a cidade deixou um rastro de destruição.
O Corpo de Bombeiros registrou quedas de árvores, postes e destelhamentos de casas. Ninguém se feriu.
NAUFRÁGIO EM CORUMBÁ
Na terça-feira (23), outra embarcação naufragou no rio Paraguai, a 300 km de Porto Murtinho, em Corumbá (MS).
Ao todo, 29 pessoas estavam a bordo do barco da Armada Boliviana -órgão equivalente à Marinha brasileira. Duas pessoas morreram.
As causas do naufrágio serão apuradas.
COLABOROU DHIEGO MAIA, DE SÃO PAULO
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