Santa Catarina tem dez ataques a ônibus e policiais no fim de semana
Eduardo Valente/Frame/Folhapress | ||
Santa Catarina registra onda de ataques; ônibus é incendiado por criminosos em Florianópolis |
Com três ataques na noite deste domingo (28), subiu para dez o número de incidentes na nova onda de violência contra transporte coletivo e instalações policiais em Santa Catarina, idêntica àquelas ocorridas em novembro de 2012 e fevereiro de 2013.
Os ataques da noite aconteceram poucas horas depois que o governador em exercício, o desembargador Nelson Martins, determinou reforço no policiamento e alerta total contra ações de uma facção criminosa, apontada como responsável pela Secretaria de Segurança.
O transporte coletivo ficou interrompido entre a noite de sábado (27) e o meio-dia de domingo (28), mas voltou a funcionar com escolta armada nos bairros da parte continental de Florianópolis.
A motivação dos criminosos ainda não foi esclarecida pelas autoridades. Segundo o setor de inteligência da polícia, ela varia desde reação ao trabalho policial nas ruas a uma suposta briga entre traficantes rivais.
De acordo com a Polícia Militar, por volta das 21h dois homens jogaram uma bomba incendiária num ônibus em Tijucas, a 30 km da capital. Às 23h, outro ônibus foi incendiado na parte insular de Florianópolis, onde até então não havia escolta.
A PM informou também que uma de suas bases em Palhoça foi atingida por três tiros, disparados por um motoqueiro. O mesmo local, próximo da penitenciária, já tinha sido atacado na onda de 2012.
Nenhuma vítima foi registrada nos dez incidentes até agora. Um suspeito de autoria de ataques foi morto em confronto pela polícia, na madrugada de domingo.
A morte do suspeito foi um dos fatores que determinaram reforço no policiamento, porque as autoridades já esperavam por represálias.
Num ataque anterior, ao amanhecer de domingo, um bando de dez homens incendiou um ônibus em São José, na Grande Florianópolis.
O número de ataques provocou a convocação pelo governador da cúpula da Segurança Pública para enfrentar a crise.
A PM informou que o foragido da Justiça e ex-presidiário Vanderlei de Lima Castro é suspeito de ser o autor do primeiro atentado ocorrido na sexta-feira (26). Ele seria o elo com a facção PGC (Primeiro Grupo Catarinense), criada nos anos 90 na penitenciária de segurança máxima de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis.
Apesar de referências policiais a várias facções, apenas o PGC domina os presídios catarinenses.
A Polícia Civil adota o protocolo de investigar cada ataque para identificar se eles estão conectados.
HISTÓRICO
Segundo a Secretaria de Segurança, o PGC orquestrou as duas ondas incendiárias notáveis vividas pelo Estado em novembro de 2012 (58 ataques, 27 ônibus incendiados em 16 cidades) e fevereiro de 2013 (111 ataques em 36 cidades, com 45 ônibus queimados).
A motivação daqueles ataques foi obter regalias para as lideranças nas cadeias. Elas ordenaram as ações, conduzidas por seus comparsas nas ruas.
A violência acabou depois que a Força Nacional de Segurança ocupou os presídios, isolou os líderes e transferiu 40 deles para cadeias fora de SC. Cerca de 120 pessoas foram presas e acusadas pelos crimes.
Em maio, 83 pessoas foram condenadas pelos ataques a penas que, somadas, chegam a mil anos.
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