Facção invade conjunto no Rio, e Paes diz que 'é coisa de vagabundo'
Traficantes do Comando Vermelho, baseados no morro do Chapadão, na zona norte do Rio, são os responsáveis por invadir o condomínio residencial Guadalupe, conjunto que integra o programa Minha Casa, Minha Vida.
"Eles (invasores) são oportunistas e manipulados por traficantes. Aquilo é coisa de vagabundo. Não vamos cadastrar ninguém", disse o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), durante a inauguração do BRT-Transbrasil, na zona oeste. Segundo ele, a prefeitura não pretende realocar os moradores que invadiram o conjunto residencial.
A Folha apurou que a Caixa Econômica Federal tem em seus registros apenas esta invasão no Rio.
Relatos de policiais militares e federais, no entanto, destacam a presença de traficantes ou milicianos em empreendimentos do programa localizados em sete bairros da capital e nas cidades de Duque de Caxias e Belford Roxo, na Baixada, além da cidade de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
A Caixa considera as invasões um problema de segurança pública. No último dia 6, traficantes da facção ADA (Amigo dos Amigos) invadiram o condomínio Haroldo de Andrade, em Barros Filho (zona norte), para comemorar o aniversário de um criminoso do grupo.
Na cidade do Rio, atualmente, cerca de 130 mil pessoas moram em 32 mil apartamentos do Minha Casa e outras 186 mil esperam a entrega de 46.576 unidades. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar como ocorreu a invasão. As primeiras informações dão conta de que os traficantes do Chapadão ordenaram a derrubada de parte do muro que divide o conjunto habitacional com a favela Terra Prometida.
Ao entrarem no terreno, ainda no sábado (8), expulsaram os seguranças do terreno e começaram a distribuir os apartamentos para as famílias da região. Algumas cadastradas no programa do governo federal. Outras, não.
A ordem de invasão teria partido do traficante Davi Carvalho, 33, que chefia parte do Chapadão. O criminoso é foragido do sistema penitenciário do Rio.
Até esta terça (11), homens armados permaneciam no local. A TV Globo flagrou um deles, armado com fuzil, andando entre os moradores. Nesta quarta (12), nenhum homem armado foi visto. As cerca de 200 famílias que permanecem no conjunto invadido estão sem água ou luz. A única alimentação do dia foi arroz e alface, colhida em uma horta ao lado do prédio.
Os invasores vieram de favelas nos arredores do conjunto e dominadas pelos traficantes. Marisa Rodrigues, 55, moradora do Chapadão, conta que seu filho teve de abandonar a escola pelos constantes tiroteios.
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