Após morte de militar, Rio vai pedir que tropas federais permaneçam na Maré
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou neste sábado (29) que vai pedir à presidente Dilma Rousseff e ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que o Exército permaneça no Complexo da Maré, na zona norte do Rio, após o prazo de desocupação previsto para dezembro.
A declaração ocorreu um dia após a morte do cabo do Exército Michel Augusto Mikami, 21, foi atingido por um tiro na cabeça durante uma troca de tiros na comunidade. Foi a primeira morte de um militar das Forças Armadas durante trabalho de apoio ao projeto das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) no Estado.
Segundo Pezão, o objetivo é que as tropas permaneçam no local até que novos policiais militares se formem e uma UPP seja instalada no local. Até o fim do ano a expectativa é que serão formados cerca de mil militares no estado.
"Uma comunidade ao lado da Avenida Brasil, da Linha Vermelha, perto do Galeão, que tinha um nível de violência inimaginável. Uma região que o tráfico dominou por mais de 30 anos. Isso mostra a dificuldade que nós temos. E, se não fosse essa parceria com a presidenta Dilma e as Forças Armadas, dificilmente conseguiríamos ter êxito na nossa política de pacificação", disse ele, durante uma inauguração em Piraí (RJ).
Ainda segundo o governador, com o apoio da Força de Pacificação na Maré, os policiais militares poderão continuar reforçando os batalhões do interior do estado.
O Exército divulgou na tarde deste sábado que o militar foi morto por homens do grupo do traficante conhecido como TH. Thiago da Silva Folly, 25, é apontado pela polícia como chefe da facção TCP (Terceiro Comando Puro) na Maré. O disque denúncia oferece uma recompensa de R$ 2 mil pela captura do traficante. O Exército faz operações na favela para prender suspeitos de participação da morte do militar.
O cabo foi baleado na cabeça durante uma troca de tiros em uma ação de patrulhamento do Exército. Ele ainda foi socorrido na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e, em seguida, ao Hospital Central do Exército, mas não resistiu.
Não houve registros de confrontos no Complexo da Maré neste sábado (29) até a publicação desta nota.
O Exército instaurou um inquérito policial militar para apurar o assassinato. A Polícia Civil do Rio informou que o caso não será alvo de inquérito da Delegacia de Homicídios, normalmente responsável por casos do tipo.
O órgão informou que todas as investigações estão sob responsabilidade do Exército. O Complexo da Maré é uma área de Garantia de Lei e Ordem desde o início da ocupação, em abril, onde as Forças Armadas têm poder de polícia na região. Em nota, o Ministério da Defesa afirmou que "o disparo provavelmente partiu de integrantes de facções criminosas que atuam no local". "As circunstâncias do crime, no entanto, ainda estão sendo apuradas", afirma a pasta.
Ainda de acordo com o Exército, o corpo do cabo deixou o Hospital Central do Exército, no Rio, por volta de meio dia e foi embarcado em aeronave de FAB para o interior de São Paulo, onde será enterrado. Mikami é natural em Vinhedo (SP) e servia no 28º Batalhão de Infantaria Leve, de Campinas. O Exército não informou data e local do enterro do militar. O cabo fazia parte da Força de Pacificação da região desde outubro.
OCUPAÇÃO
As tropas federais iniciaram a ocupação no conjunto de favelas no mês de abril, com cerca de 2.700 militares. O prazo de desocupação já foi prorrogado por três vezes. Inicialmente previsto para terminar em julho, ele foi prorrogado para outubro e, depois, dezembro. O governador não especificou até quando quer a presença dos militares na favela.
No Complexo do Alemão, na zona norte da cidade, as tropas também atuaram no processo de pacificação, em moldes semelhantes. O período de ocupação foi de 17 meses, iniciado em novembro de 2010 e finalizado em abril de 2012.
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