Justiça manda demolir barracas de praia em Trancoso, na Bahia
A poucos dias do verão, a Justiça Federal determinou a demolição de dez barracas de praia e estruturas hoteleiras que ocupam a areia de Trancoso, na Bahia, um dos principais destinos do Nordeste.
O pedido partiu do Ministério Público Federal, que alega falta de autorização dos proprietários para construir em área da União e existência de impacto ambiental.
Tanto barracas de médio porte quanto estruturas de hotéis de luxo serão afetadas.
Desde a semana passada, as praias do Coqueiro e dos Nativos registraram quatro baixas, incluindo bares e restaurantes de apoio dos hotéis Uxua e Timbó, construídos para facilitar o atendimento aos hóspedes. No primeiro deles, três diárias podem custar mais de R$ 10 mil.
As demolições foram acompanhadas por um oficial de Justiça e pela Polícia Militar, acionada para conter os ânimos de trabalhadores locais. Muitos deles perderam seus empregos.
Divulgação | ||
Barracas do hotel Uxua (no alto) que foram derrubadas |
No Uxua, o trator derrubou o bar, sombreiros e estruturas acolchoadas que acomodavam os hóspedes na areia.
Outros seis locais devem ir ao chão esta semana.
Segundo o Uxua, 15 de seus 60 funcionários trabalhavam no bar, eleito em 2013 pela rede CNN como o sétimo melhor bar de praia do mundo.
O fundador do hotel, Wilbert Das, está revoltado com a decisão da Justiça. "Nós tínhamos um pequeno e charmoso cartão postal de Trancoso na praia, que todos, de antigos pescadores a celebridades internacionais, pareciam amar", afirmou.
O holandês disse que tem "todas as licenças necessárias para operar" e que todas as estruturas do hotel "têm baixo impacto ambiental, tendo sido planejadas e aprovadas anos atrás".
"Porém, um dia, sem nenhuma comunicação prévia, recebemos policiais fortemente armados que destruíram tudo e desapareceram deixando apenas ruínas."
A reportagem não conseguiu contato com Timbó na segunda-feira (15).
OUTRAS AÇÕES
As ações contra proprietários de barracas e hotéis de Porto Seguro começaram em 2006, e cerca de 60 empreendimentos já foram acionados na Justiça pelo Ministério Público Federal.
O MPF aponta que os estabelecimentos ocupam uma faixa de areia que é estreita, patrimônio da União e de preservação permanente. Diz ainda que foram construídos sem autorização e dentro do perímetro não edificável.
O órgão afirma ainda que o local é considerado zona de valor paisagístico pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Nos últimos quatro anos, cerca de 20 barracas foram demolidas e outras dez passaram por readequações.
O presidente da Associação dos Barraqueiros, Wilson Cruz, diz que muitos proprietários já se adaptaram para poder continuar funcionando. "Estamos fazendo as adequações necessárias, até mesmo por uma questão mercadológica e para estar em conformidade com a lei", afirma.
A maioria das estruturas consideradas irregulares estão na orla norte do município, mas há outras no litoral sul, onde ficam Arraial d'Ajuda e Trancoso.
Outros casos ainda aguardam decisão da Justiça.
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