Funcionários da prefeitura publicam anúncio para atrair médicos a Ribeirão
Devido ao número reduzido de interessados no concurso público para contratar médicos, um anúncio, que circula em rede social, apela para os atrativos de Ribeirão. O texto começa com a frase: "Venha trabalhar em nossa cidade e desfrute de uma das melhores qualidades de vida do Brasil".
Em seguida, lista como exemplos o Carnabeirão (festa de Carnaval realizada fora de época), cinco shoppings e a "intensa vida noturna e gastronômica".
A propaganda foi compartilhada na internet por funcionários da prefeitura –que nega responsabilidade sobre a publicação.
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Anúncio compartilhado por funcionários da Prefeitura de Ribeirão Preto sobre contratação de médicos |
A prefeita Dárcy Vera (PSD) também usou o perfil pessoal em rede social para pedir que os médicos se inscrevam.
O prazo, que se encerraria no dia 16, foi prorrogado para esta sexta-feira (23).
A Fundação Vunesp informou ter recebido 133 inscrições, entre elas 23 para pediatria e duas para psiquiatria –especialidades que mais estão em falta no município.
"O número de inscrições para o concurso de médicos ainda é insignificante diante de nossa necessidade", escreveu a prefeita.
No início da noite de ontem, no entanto, a prefeitura apresentou um novo balanço, com o total de 268 inscrições, sendo 59 delas para pediatras e 12 para psiquiatras. A administração disse ainda que o número aumentou por causa dos apelos da prefeita.
A reportagem não conseguiu contato com a Vunesp para confirmar esses dados.
Hoje faltam, no mínimo, 28 pediatras e dez psiquiatras para atender a demanda.
No ano passado, um ambulatório de saúde mental, na zona oeste, fechou por falta de médicos.
Aos fins de semana, pais são obrigados a "peregrinar" entre os postos de saúde em busca de pediatras.
Moradores do Quintino Facci 2, na zona norte, não encontram esses profissionais na UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde) que fica no bairro porque eles são realocados para outras unidades, como a UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
"As condições de trabalho nas unidades de saúde são ruins, com uma sobrecarga de trabalho imensa", afirmou Ulysses Strogoff de Matos, presidente regional do Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo).
O governo oferece salário de R$ 5.800 para 20 horas semanais, além de benefícios, valor considerado baixo pelo sindicato.
A falta de um plano de carreira e os apadrinhamentos políticos também são fatores que afastam os médicos do município, de acordo com José Sebastião dos Santos, especialista em saúde pública da USP Ribeirão.
Santos, que foi secretário da saúde entre 2005 e 2006, na gestão de Welson Gasparini (PSDB), disse que tentou implantar o plano de carreira, mas não teve sucesso.
"Há um problema na gestão e falta de interesse em acabar com as interferências políticas", afirmou.
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