Grupo Gay da Bahia faz concurso para rebater canção 'Quem banca é o viado'
"Eu estou de olho / estou ligado / eu vi você saindo da casa do viado / Eu vi, de tênis novo / Eu vi, de boné novo / Eu vi celular iPhone / Eu vi, vou contar para o bonde".
Sucesso na periferia de Salvador, a música "Quem banca é o viado", de Robyssão, ícone do "pagofunk ostentação", despertou a ira dos militantes gays da Bahia.
A reação foi imediata: o Grupo Gay da Bahia lançou um concurso oferecendo R$ 1.000 para quem fizesse uma canção-resposta. E a letra vencedora foi gravada por Mr. Galiza, outro cantor de pagofunk popular na periferia e que rivaliza com Robyssão.
Na canção acusada de homofobia pelo GGB, Robyssão fala sobre um homem que volta cheio de presentes após se encontrar com um homossexual.
O cantor, porém, nega que a letra da música tenha teor homofóbico: "O foco da música não são os homossexuais, mas os oportunistas que os namoram por interesse", defende-se.
O Grupo Gay da Bahia não se convenceu. Afirma que a música é uma apologia ao preconceito, ao resumir as relações homossexuais ao interesse financeiro.
"A letra é ofensiva e, pela forma como é cantada, supõe-se que seja um recado para algum conhecido dele. Ou então é uma referência autobiográfica", provoca Marcelo Cerqueira, presidente da entidade.
O Grupo Gay preparou uma tiragem de mil discos com a música vencedora do concurso. Com letra da professora universitária Salete Maria, a música "Mais amor, por favor" condena o preconceito.
"Se não faz mal a ninguém é aí o que é que tem?"
O GGB ainda ingressou com uma notícia-crime no Ministério Público da Bahia denunciando a música.
'RALA A TCHECA NO CHÃO'
Esta não é a primeira vez que as músicas de Robyssão são contestadas na Bahia. Em 2011, as letras do cantor inspiraram a aprovação de uma "lei antibaixaria" na Assembleia Legislativa da Bahia.
Na época, o pagofunkeiro cantava músicas como "Me dá a patinha", "Perereca pisca" e "Rala a tcheca no chão."
Com o barulho, os deputados criaram uma legislação que impede o governo da Bahia de contratar bandas cujas letras de músicas sejam ofensivas à mulher.
No início dos anos 2000, Salvador viveu outra polêmica musical às vésperas do Carnaval. A música "Tapa na Cara", cuja letra fazia referência a uma mulher que gostava de receber tapas, dividiu os artistas baianos.
O então prefeito Antônio Imbassahy (PFL, hoje no PSDB) classificou a letra da música de "deprimente" e "chocante".
Divulgação | ||
O cantor Robyssão, cuja música gerou críticas de grupo de defesa gay na Bahia |
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