Polícia recua e diz que maioria dos baleados na BA não tem antecedentes
Menos de uma semana depois de afirmar que a maioria dos 12 suspeitos mortos em uma ação policial em Salvador tinha antecedentes criminais, a Polícia Civil da Bahia voltou atrás e informou que apenas duas vítimas tinham passagem pela polícia.
Um deles, morto na ação, foi detido duas vezes por brigas no Carnaval. O outro, que está hospitalizado, foi preso três vezes por tráfico de drogas.
O número total de baleados também subiu: foram 12 mortos e seis feridos –e não quatro, como informado anteriormente. Um PM foi atingido de raspão na orelha.
A troca de tiros ocorreu na sexta-feira (6) entre policiais militares e cerca de 30 suspeitos em uma via pública no bairro do Cabula, que fica a cerca de 10 km dos principais circuitos do Carnaval baiano. Segundo a Polícia Militar, os homens eram suspeitos de planejar um assalto a uma agência bancária na região e receberam os policiais a tiros.
A Polícia Civil, que investiga o caso, diz que o número de suspeitos com antecedentes criminais divulgado nesta quarta (11) é o oficial e que um delegado havia informado equivocadamente, em coletiva à imprensa, que nove deles tinham passagem pela polícia.
A polícia também diz que, após a ação, foram descobertas mais duas pessoas hospitalizadas após serem baleadas.
Quatro delegados foram designados somente para cuidar do caso, que também será investigado pelo Ministério Público.
A AÇÃO
Policiais da Rondesp (Rondas Especiais da Polícia Militar) entraram em confronto com os suspeitos de planejar um ataque a banco no bairro do Cabula, de classe média baixa.
A PM trata o caso como autos de resistência -quando o suspeito é morto ao reagir à ação da polícia.
A polícia afirma que os envolvidos tinham relação com uma facção criminosa conhecida como CP (Comando da Paz), considerada uma das mais perigosas e atuante na periferia de Salvador.
Foram apreendidos 15 revólveres, dois coletes à prova de balas, munição e drogas como cocaína, maconha e crack com os suspeitos.
A Anistia Internacional e o Instituto Baiano de Direito Processual (IBADPP) criticaram, por meio de notas, a atuação da PM.
A Anistia Internacional organiza para esta quarta-feira (11), às 14h, um ato em memória às vítimas. Para a entidade, os relatos contradizem a versão oficial da Polícia Militar de que houve troca de tiros e apontam indícios de execução sumária.
Outros casos de violência policial em Salvador, como o do jovem Davi Fiúza, que desapareceu em outubro de 2014 após abordagem policial, também serão lembrados durante a manifestação.
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