Escassez de água abate guardanapos de tecido nos restaurantes
Em "tempos de guerra", como se refere o consultor de etiqueta Fabio Arruda à maior crise hídrica da história de São Paulo, é "deselegante" não se adaptar às necessidades do momento.
Nesse contexto de torneiras secas, restaurantes e pessoas que insistem em guardanapos de pano à mesa, diz ele, têm uma atitude "cafona".
"Claro que é um grande prazer comer usando uma louça linda e guardanapo de tecido, mas o momento é delicado e não existe falta de educação maior que não ter consciência", decreta. "Até em casa já podemos pensar em usar pratos descartáveis."
Aos poucos, alguns restaurantes começam a se adaptar a esses novos tempos de escassez de água e de patrulha do desperdício.
O Clos de Tapas, na Vila Nova Conceição, aposentou os guardanapos de pano –que precisavam ser trocados a cada cliente– no almoço. Também dispensou as toalhas e adotou jogos americanos que podem ser limpos com álcool e um paninho.
"No começo os clientes estranharam, mas fomos explicando a situação e a maioria entendeu. Agora, nossa ideia é fazer a mesma coisa no jantar", afirma Marcelo Fernandes, um dos sócios do local e da Mercearia do Francês, do Attimo e do Kinoshita.
Segundo Fernandes, a mudança de hábito em um dos turnos poupou a lavagem de 2.000 guardanapos ao mês.
O empresário estuda fazer a mudança em seus outros estabelecimentos. "Vamos ver se os clientes aceitarão abrir mão desses confortos", diz.
Há 15 dias, o La Frontera, em Higienópolis, o Martín Fierro, na Vila Madalena, e o Jacarandá, em Pinheiros, comandados pela argentina Ana Massochi, deixaram de usar guardanapos de tecido.
"É um retrocesso, mas não há alternativa agora. E já fazemos isso para, além da economia de água, ninguém reclamar", diz ela, que antes tinha cinco funcionários na lavanderia dos restaurantes e agora só tem dois. "Demoramos para perceber que não é uma crise passageira e que teremos que montar uma operação com 30% a menos de água."
No bistrô Le Vin, nos Jardins e no Itaim, os guardanapos permanecem nas mesas, mas, quando o freguês se senta, o garçom pergunta se ele aceita usar o descartável por causa da crise hídrica. Se ouvir um sim, retira o de tecido.
O AK, na Vila Madalena, e o Le Manjue, na Vila Nova Conceição, dizem que aposentarão as toalhinhas de pano em março. O Tête-à-Tête, inaugurado há um mês nos Jardins, diz que ainda estuda o que fazer.
Casas como Bravin, Epice, Tappo e Carlota não responderam se pretendem adotar o modelo descartável.
Marlene Bergamo/Folhapress | ||
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Restaurante Clos de Tapas, do empresário Marcelo Fernandes, deixou de lavar 2.000 guardanapos. |
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