Creche em Perdizes, em SP, tem seca de 4 dias e dá banho de água mineral
Pais de 50 bebês tiveram que improvisar nesta terça-feira (24). Alguns faltaram ao trabalho, outros acionaram as avós e houve ainda quem levasse o filho para o escritório.
Muitos reclamaram, mas a creche que os pequenos frequentam, em Perdizes (zona oeste de SP), precisou fechar as portas após ficar quatro dias consecutivos sem água nas torneiras.
A dona da creche, Ana Alice D'Andrea, 63, conta que desde sexta (20) compra água mineral para dar banho, trocar fraldas e cozinhar para os bebês, de idades entre três meses e três anos e meio.
A situação, no entanto, ficou mais difícil com o esvaziamento total das quatro caixas-d'água. "Os funcionários tiveram que usar o banheiro de uma padaria", diz Ana Alice, conhecida como tia Ná, do berçário A Turma da Tia Ná.
Moacyr Lopes Junior/Folhapress | ||
Ana Alice D'Andrea, 63, que suspendeu as atividades em sua creche por falta de água |
A creche tem ao todo 20 funcionários, que foram dispensados. "O quarteirão todo está sem água. Já fizemos reclamação na Sabesp e ainda não tivemos respostas."
O fornecimento foi restabelecido na tarde de ontem (24/2), mas tia Ná afirma que abriria a escola nesta quarta (25) de qualquer jeito.
"Vou pedir para os pais trazerem lenço umedecido e galão de água. Vamos ter que restringir os banhos dos bebês", lamenta ela, que chorou ao falar da situação.
A adestradora de cães Carla Barbaro Venturelli, 33, diz entender a situação da escola, mesmo precisando levar o filho Raul, 3, para o trabalho.
"Vou desmarcar alguns compromissos, mas é o jeito", diz Carla, que mora perto da escola e também enfrenta problemas de abastecimento.
O instituto Alana, órgão de defesa dos direitos das crianças, diz que a falta de água em hospitais, creches e escolas fere a Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente, que determinam que as crianças
sejam tratadas com "absoluta prioridade".
"Todas as crianças devem ter direito a água limpa e potável. [Elas] são as que estão mais vulneráveis", diz Pedro Affonso Hartung, advogado do instituto. Segundo ele, direitos básicos das crianças estão sendo violados.
OUTRO LADO
Procurada, a Sabesp informou que enviou técnicos na tarde de terça ao local e que está fazendo inspeções nas redes de distribuição para identificar as causas do problema e normalizar o abastecimento na região.
"O local está em área de gestão da pressão nas redes, medida intensificada para reduzir o índice de perda de água", diz nota da Sabesp. Segundo o site da empresa, em Perdizes a redução da pressão acontece das 13h às 6h.
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