Em Ribeirão Preto, evento Café com Chorinho é suspenso por falta de verba
A crise financeira da Prefeitura de Ribeirão Preto afetou um dos projetos culturais mais tradicionais do município: o café da manhã com chorinho, na USP, suspenso por tempo indeterminado a partir deste domingo (5).
O problema é que, desde o início do ano, os cinco músicos ainda não receberam a verba mensal da prefeitura, de cerca de R$ 2.900.
Segundo os profissionais, eles só voltarão a tocar quando todo o débito for pago.
O projeto gratuito teve início há 22 anos e acontece todos os domingos de manhã, no Museu Histórico e do Café, com uma média de público de cerca de 300 pessoas, afirma Roberto Marani, 49, professor e um dos músicos.
Segundo ele, o atraso no repasse da verba municipal começou na primeira gestão da prefeita Dárcy Vera (PSD), em 2009.
No ano passado, o quinteto tocou praticamente de graça: a prefeitura deixou de repassar a verba por 11 meses.
"Não é mais justo esperar o pagamento. Infelizmente, não temos outra saída", afirmou.
Segundo ele, o secretário de Cultura, Alessandro Maraca, foi comunicado sobre a suspensão da atividade cultural no mês passado.
Os músicos se embasam em legislação federal, que autoriza a suspensão dos serviços após 90 dias corridos de atraso no pagamento.
A assessoria de imprensa da prefeitura foi procurada nesta sexta-feira (3), mas não respondeu à reportagem.
"Por pior que seja para a população, não podemos mais ficar nessa situação", afirmou Marani.
A prefeitura tem uma dívida de ao menos R$ 878,8 milhões. No mês passado, Dárcy anunciou um pacote de medidas para conter gastos e tentar economizar R$ 10 milhões por mês.
Entre as medidas estão demissões, revisões de contratos e a fusão de secretarias de programas municipais.
'SITUAÇÃO TRISTE'
Acostumada a participar do evento, a estudante Mariana Pelegrino Dias, 24, afirmou que aprendeu a dançar ali e lamentou a paralisação. "É um dos poucos projetos gratuitos e um ponto de encontro e referência para quem curte boa música, lazer e cultura."
O professor Alexandre Cintra Gouvêa, 32, diz que o Café com Chorinho é uma das atividades preferidas dele e das filhas pequenas. "É uma pena o que está acontecendo, porque [o evento] reúne famílias, com crianças e diferentes idades", lamentou Gouvêa.
Ele disse, no entanto, que apoia a decisão dos músicos e afirmou que, no município, faltam opções culturais de lazer, principalmente voltadas para as crianças.
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