Um único 'bam' indica que não houve tiro de misericórdia em execuções
Mesmo longe das oito execuções, algumas pessoas que estavam diante do porto de Wijayapura, que dá acesso à ilha de Nusakambangan, na Indonésia, ouviram um único som de fuzilamento, o que indica não ter ocorrido o chamado tiro de misericórdia.
O som descrito como um "bam" foi ouvido por um funcionário indonésio da embaixada brasileira em Jacarta e uma ativista de direitos humanos. Eles estavam afastados das cerca de 300 pessoas, entre jornalistas e curiosos, que estavam diante do porto. Apesar de longe das execuções, esse local era o mais próximo a que os jornalistas podiam chegar.
O tiro de misericórdia é dado na cabeça do condenado, quando ele não morre em decorrência do fuzilamento.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Foram executados no início da tarde de terça-feira (28), no fuso do Brasil, o brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, um indonésio, dois cidadãos da Austrália e quatro da Nigéria. Uma filipina de 30 anos foi poupada em cima da hora, após a prisão da mulher apontada como responsável por colocar a droga em sua bagagem. Essa prisão aconteceu nas Filipinas.
O corpo de Rodrigo será reconhecido pelo encarregado de negócios da embaixada do Brasil em Jacarta, Leonardo Monteiro, e sairá direto da ilha em um comboio, com sua prima Angelita Muxfeldt, rumo a Jacarta, onde ficará em um hospital para iniciar os preparativos para envio ao Brasil.
O brasileiro pediu à família para ser enterrado no Brasil. O pedido foi feito nesta segunda (27) à prima e fez a família mudar os planos. Até esta segunda, a ideia era cremá-lo na Indonésia e levar as cinzas para Curitiba (PR), onde o brasileiro nasceu. Dada a burocracia, o envio do corpo para o Brasil pode levar algumas semanas.
O governo brasileiro protestou, na véspera da execução, mencionando o fato de Gularte ter esquizofrenia constatada por dois laudos médicos. A Procuradoria-Geral da Indonésia, que leva adiante as execuções, chegou a examinar o brasileiro, mas esse resultado nunca foi divulgado. A argumentação da Indonésia era que o fato de ser doente não impedia a aplicação da pena capital.
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