Dengue tende a dar trégua com clima frio e falta de chuvas
Apesar do aumento de casos no país e do alto número de cidades em epidemia, a queda das temperaturas e a falta de chuvas podem fazer a dengue dar finalmente trégua nas próximas semanas.
Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que a tendência é que o ritmo de crescimento da doença caia.
Isso ocorre porque parte do Brasil começará a ter um clima desfavorável ao Aedes aegypti. O mosquito não gosta muito do frio.
Com menos chuva, diminui o acúmulo de água, necessária para o mosquito se procriar, diz Benedito Fonseca, professor de infectologia na USP de Ribeirão Preto.
"Os dados epidemiológicos mostram que a partir de junho a dengue já diminui muito e em alguns lugares até desaparece", afirma.
Giovanini Coelho, do Programa Nacional de Controle de Dengue, tem explicação semelhante. Segundo ele, o pico de transmissão da doença ocorre em abril -daí o avanço que já leva o país a atingir cerca de 746 mil casos.
Novos registros ainda devem aparecer, uma vez que os dados são divulgados com atraso -os últimos do ministério são de 18 de abril. A transmissão, porém, já dá sinais de que irá diminuir.
Em Paraguaçu Paulista, cidade que lidera o ranking de epidemia de dengue em São Paulo, a incidência da doença em março foi de 5.214 casos a cada 100 mil habitantes. Em abril, essa proporção despencou para 182 casos a cada 100 mil habitantes.
"Vamos continuar tendo casos, mas não na mesma velocidade e na magnitude que está se observando. Em junho, a transmissão é residual. No calor e na umidade, o mosquito se reproduz muito mais", afirma Coelho.
Editoria de arte/Folhapress | ||
IMUNIDADE
Além do clima, outro fator que pode trazer uma redução na transmissão é a suscetibilidade das pessoas ao vírus em circulação: nas cidades onde a epidemia começou mais cedo, boa parte da população adquire imunidade.
Isso ocorre porque só se pode contrair cada um dos quatro tipos de vírus da dengue uma única vez.
Para Coelho, a mudança no cenário, no entanto, não pode diminuir os cuidados, tanto no cuidado aos pacientes quanto na prevenção.
Apesar de esperar uma queda, Estados com maior número de municípios em epidemia mantêm o alerta. É o caso de Goiás, que tem 157 dos 246 municípios em epidemia, segundo os dados do Ministério da Saúde.
Após dois picos sucessivos de casos, Goiás vive agora as primeiras semanas com ritmo de crescimento menor, diz o secretário de Saúde, Leonardo Vilela. "Isso coincide com o término do período chuvoso."
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