Motorista perderá mais 4 minutos para rodar marginal de ponta a ponta
O motorista que utiliza as marginais Tietê e Pinheiros, as duas vias mais movimentadas de São Paulo, deverá reservar um tempo extra de quatro minutos para atravessar cada uma delas de ponta a ponta a partir do dia 20.
O "atraso" é previsto devido à redução dos limites de velocidade. Na pista expressa, ele cairá de 90 km/h para 70 km/h. Na central, de 70 km/h para 60 km/h. Na local, de 70 km/h para 50 km/h –igual ao máximo permitido numa via mais estreita, como trechos da av. Liberdade.
A medida foi definida pela gestão Fernando Haddad (PT) com a justificativa de reduzir os acidentes. As marginais Tietê e Pinheiros são as campeãs em vítimas do trânsito na capital –em 2014, deixaram 73 mortos e 1.399 feridos.
A diminuição dos limites tem a aprovação majoritária de especialistas em trânsito –embora parte deles avalie que ela será mais drástica do que seria necessário.
Paulo Lopes/Futura Press/Folhapress | ||
Placas de sinalização cobertas na marginal Tietê, que sofrerá redução do limite de velocidade |
Para a fluidez, eles não esperam prejuízo nos picos até porque a velocidade média nas marginais nesses horários já é inferior a 20 km/h.
A demora extra de quatro minutos, calculada para atravessar cada uma delas pela pista expressa, deve valer mais para os horários de menor movimento, quando os carros conseguem hoje circular no máximo permitido.
Sem congestionamentos, a rota pela marginal Tietê pode ser feita em cerca de 16 minutos. Respeitando os novos limites, passará a levar 20 minutos. Já na marginal Pinheiros serão perto 19 minutos –contra os atuais 15 minutos.
Técnicos reconhecem a tendência de aumento das multas por radares devido à mudança, principalmente nos primeiros meses.
PERIGO
"São Paulo não é local adequado para pessoas que querem correr", disse Jilmar Tatto, secretário dos Transportes.
Para embasar a decisão, ele apresentou estatísticas sobre os impactos da redução de 70 km/h para 60 km/h implantada em 88 vias desde a gestão Gilberto Kassab (PSD). Segundo a CET, os atropelamentos nesses lugares caíram 19% no período de três anos.
Atropelamentos representam parte significativa dos acidentes nas marginais –dos 73 mortos, 25 eram pedestres. Tatto destaca moradores de rua e vendedores ambulantes entre as principais vítimas.
O secretário cita estudos que apontam melhoria de fluidez em alguns casos de redução dos limites de velocidade –porque, andando mais devagar, os carros podem manter uma distância segura menor entre eles.
"Tem uma parte do dia, à noite, de madrugada, em que a via fica livre. O perigo está aí. É quando ocorrem mais acidentes", diz Luiz Carlos Mantovani Néspoli, superintendente da ANTP (associação de transportes públicos).
Mestre em engenharia pela USP, Sérgio Ejzenberg concorda com a necessidade de reduzir a velocidade nas marginais, mas acha que a gestão Haddad exagera na dose por não seguir um padrão nacional para esse tipo de via.
Respeitando diretrizes do código de trânsito, diz, estaria adequado um limite de 80 km/h para carros na expressa e de 60 km/h na local. "Se cada município estabelecer seu padrão, vai ser impossível trafegar pelo Brasil sem receber uma chuva de multas."
O engenheiro diz que um efeito colateral, em alguns horários, é que aplicativos como Waze podem direcionar parte do trânsito para ruas centrais. Ele cobra melhor fiscalização da CET. "Caminhões andam na mesma velocidade dos carros, sem a condição de frenagem de um veículo leve."
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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