Testado em Israel, aplicativo de carona deve aquecer disputa no transporte
Um projeto-piloto promete botar lenha na fogueira da guerra entre taxistas e serviços on-line de transporte de passageiros, como o Uber.
Usando a plataforma de navegação Waze, o Google anunciou na semana passada o aplicativo RideWith, que conecta motoristas particulares a pessoas que querem pegar carona de ida e volta para o trabalho ou a universidade.
O serviço começou a cadastrar participantes na segunda (6) em caráter experimental. O teste será feito na Grande Tel Aviv, mas a ideia é expandi-lo para todo o Estado e, depois, para outros países.
O anúncio do aplicativo melindrou entidades de taxistas de Israel, que pediram audiência urgente no Parlamento.
Daniela Kresch/Folhapress | ||
Shay Dayan, do comitê da associação de taxistas de Israel; ele é contra o Uber e contra o Ridewith, aplicativo que o Google criou para caronas |
A reunião está marcada para o dia 21, mas pode ser cancelada diante de promessa que o ministro do Tesouro teria feito à categoria de impedir o RideWith em Israel.
O acirramento remete ao caso paulistano, no qual taxistas pressionam prefeitura e vereadores para barrar o uso do aplicativo Uber na cidade.
Em Israel, as queixas são semelhantes às dos taxistas no Brasil. "Motoristas privados não pagam impostos e licenças que pagamos para atuar no transporte público", diz Shay Dayan, um dos líderes dos taxistas.
No país, os taxistas precisaram desembolsar o equivalente a cerca de R$ 200 mil pela permissão de trabalho.
O RideWith começou a ser desenvolvido em 2013, quando o Goolge comprou o Waze, criado em Israel.
Para usar o novo serviço, os usuários interessados em dar e pegar carona têm de baixar o aplicativo (por enquanto disponível só no Android), informando onde moram, onde trabalham e a que horas vão ao trabalho ou à Universidade de Tel Aviv.
O RideWith faz automaticamente o cruzamento entre os usuários e alerta os que fazem trajetos parecidos. Se um dos alertados quiser dividir a viagem ou precisar de carona, poderá contatar o outro para acertar detalhes.
O aplicativo sugere um valor a ser pago ao motorista pelo carona, com base na quilometragem. Segundo o Google, não é tarifa, mas uma espécie de ajuda de custo com combustível -tese da qual os taxistas discordam.
"Em Israel, a carona é permitida, mas não se pode pagar por ela nem com um chiclete", diz Dayan.
Os motoristas podem tanto se recusar a receber pagamento como negociar uma tarifa maior, que será paga em dinheiro ou via aplicativo.
De Tel Aviv para Herzelyia (13 km), o preço sugerido é 13 shekels (R$ 10); o Google abocanha 15% –em São Paulo, o Uber fica com 20%.
O Google afirma que o objetivo do RideWith é diminuir o número de carros nas ruas na hora do rush. Tanto que os caronas só poderão usar o serviço duas vezes por dia, nos momentos de mais
trânsito, de manhã e no fim da tarde.
A ideia, ao menos segundo eles, é que o serviço não gere lucro aos motoristas, como no caso do Uber.
Para especialistas, o objetivo do RideWith é criar um banco de dados de potenciais passageiros para quando for lançado o carro automático sem motorista da empresa, já em desenvolvimento.
Nesse sentido, o Google não estaria interessado em competir, a longo prazo, com serviços on-line de transportes. Mas vai acabar se tornando mais um desafio para regulações nacionais.
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