Polícia do RS detém 15 após gangue espancar jovem até a morte
Com quinze minutos de atraso, vestindo camisa xadrez verde, calça bege e botas amarelas, Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, 17, chegava na sala de aula arrancando risos dos colegas.
"Ele vinha com uma carinha preparada e dava uma desculpa divertida. Não tinha como ficar brava com ele", lembra Sabrina Azzi, professora de português.
Juninho, como era chamado, foi assassinado na madrugada de sábado (1º). Levou socos, pontapés e garrafadas na cabeça ao sair de uma festa.
O pai presenciou tudo. Tentou inutilmente evitar o ataque de mais de uma dezena de garotos, alguns conhecidos da família.
Maria Eduarda Fortuna/Rádio Gaúcha/RBS/Folhapress | ||
Ronei Faleiro (à direita, de branco) na passeata em Charqueadas após a morte de seu filho |
A festa era para arrecadar fundos para os formandos da escola Cenecista Carolino Euzébio Nunes. O pai do menino, Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro, 48, foi buscar o filho de carro na saída. O garoto pediu para ele dar carona a um casal de amigos, da cidade vizinha de São Jerônimo.
Juninho sabia que os amigos corriam perigo. Isso porque em Charqueadas (região metropolitana de Porto Alegre), cidade gaúcha de menos de 100 mil habitantes, uma das diversões dos bondes, como são chamadas as gangues no Sul, é agredir pessoas de fora.
Juninho e os dois amigos foram atacados por diversos jovens do bonde "Abas Retas". O pai foi agredido ao tentar salvar os garotos.
"A festa deles começava quando terminava a dos outros. Eles iam na porta dos clubes aí por 4h ou 5h para brigar com garrafa de vidro, essas coisas", diz um adolescente de 17 anos sobre a gangue.
Apontados como suspeitos, foram presos nove adultos e apreendidos seis adolescentes. O que foi apontado como autor de uma garrafada em Juninho é filho de conhecidos da família do garoto.
"É muito duro", dizia o pai de Juninho enquanto seguia com a passeata silenciosa que reuniu mais de mil pessoas na tarde desta sexta (7).
Os colegas dizem que Juninho não tinha envolvimento com o bonde. Mas não descartam a possibilidade de ele ter conhecido os garotos que o mataram. "A cidade é pequena, todo mundo conhece todo mundo", diz um garoto.
A violência das gangues é um "problema antigo" e existe grande rivalidade com os garotos "de fora", segundo o major Fábio Almeida César, comandante do batalhão da Polícia Militar da cidade.
"Na noite do crime tínhamos uma guarnição apenas por causa da defasagem do efetivo", diz o major. Segundo o comandante, os policiais são desviados de função para trabalhar nos presídios –são seis na cidade.
Depois do crime, César afirma que foram "devolvidos" nove policiais para a cidade.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Acompanhe toda a cobertura dos blocos, festas e desfiles do Carnaval 2018, desde os preparativos
Tire as dúvidas sobre formas de contaminação, principais sintomas e o processo de imunização
Folha usa ferramenta on-line para acompanhar 118 promessas feitas por Doria em campanha