Prefeitura de SP comete gafe e troca nome de presidente da ditadura
A Prefeitura de São Paulo trocou o nome do último presidente da ditadura militar (1964-1985) ao divulgar nesta quinta-feira (13) a lista de vias da cidade que homenageiam a ditadura.
Em meio às vias listadas pela prefeitura no material de divulgação distribuído à imprensa estava o viaduto General Euclides de Figueiredo, apontado como último presidente do regime militar. Euclides de Figueiredo, no entanto, é pai de João Figueiredo, que governou entre 1979 e 1985.
Após o alerta da Folha, a prefeitura admitiu o erro e retirou o nome do viaduto em questão do material. A administração municipal afirma, porém, que o equívoco ocorreu apenas no texto de divulgação, e não no conteúdo original da proposta.
A ideia do projeto "Ruas de Memória" é renomear as vias que homenageiam a ditadura por nomes de pessoas que lutaram contra a repressão do período.
Reprodução | ||
Euclides de Figueiredo é apontado, erroneamente, como último presidente da ditadura em lista divulgada pela Prefeitura de SP |
Veja ruas e praças listados pela prefeitura:
Via | Biografia | zona | bairro |
rua Alberi Vieira dos Santos | Ex-sargento da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, foi colaborador do Centro de Informações do Exército. Teve participação na armação de emboscada e chacinas de resistente, em detenções ilegais, execuções, desaparecimento forçado de pessoas e ocultação de cadáveres. Vítimas e caso relacionado: Massacre do Parque Nacional do Iguaçu, em que foram vítimas de desaparecimento forçado Onofre Pinto, Daniel José de Carvalho, Joel José de Carvalho, José Lavecchia, Victor Carlos Ramos e Enrique Eernesto Ruggia (1974) Segundo decreto que nomeia a rua, Alberi foi assassinado em circunstâncias misteriosas em 1979, na região do Foz do Iguaçu. | norte | Jaçanã |
praça Ministro Alfredo Buzaid | Advogado, professor e jurista, foi ministro da Justiça de 1969 a 1974, durante o governo de Médici, tendo apoiado o Ato Institucional nº 5, que inaugurou o período mais intenso de repressão, cassação de direitos civis e políticos e violação aos direitos humanos da Ditadura Militar | sul | Moema |
Elevado Presidente Arthur da Costa e Silva | Marechal, atuou no movimento que instaurou o regime ditatorial em 1964, marcado por graves violações aos direitos humanos. Presidente ditador entre 1967 e 1969, promulgou o AI-5, ato institucional responsável pelo acirramento de repressão, cassação dos direitos civis e políticos e crimes contra a humanidade | oeste | Lapa |
rua Alcides Cintra Bueno Filho | Policial e delegado do Dops (Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo) durante a ditadura militar. Foi responsável pela emissão de documentos oficiais fraudulentos e colaborou no encobrimento de casos de tortura, execução e ocultação de cadáver durante o período | norte | Santana |
praça Augusto Rademaker Grunewald | Almirante, foi ministro de Aeronáutica, atuou no movimento que instaurou o regime ditatorial em 1964, marcado por graves violações aos direitos humanos. Foi vice-presidente ditador entre 1969 e 1974, o período mais intenso de repressão, censura e cassação de direitos humanos | oeste | Itaim Bibi |
avenida Presidente Castello Branco | Chefe do Estado-Maior do Exército, foi um dos líderes militares do golpe que depôs o presidente João Goulart, se tornado o primeiro presidente do regime militar, de 1964 a 1967 | centro | Bom Retiro/ Pari/ Lapa |
rua Délio Jardim de Matos | Militar brasileiro, ministro da Aeronáutica entre 1979 e 1984, foi um dos principais articuladores do movimento que promoveu o golpe de Estado de 1964, que instalou o regime ditatorial, marcado por graves violações aos direitos humanos. No governo Castelo Branco (1964-1967), instaurou o gabinete militar da Presidência da República. Exerceu a função de Ministro da Aeronáutica. | sul | Campo Grande |
avenida Gal. Ênio Pimentel da Silveira | General, foi comandante da 1ª Companhia de Polícia do Exército, na Vila Militar do Rio de Janeiro, de maio de 1968 a julho de 1971, período em que ocorreram na unidade os casos de morte sob tortura de Severino Viana Colou e Chael Charles Schreier. Serviu no Doi-codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna)do Exército em abril de 1972 a junho de 1974. Teve participação comprovada em casos de tortura, execução e desaparecimento forçado | sul | Campo Limpo |
rua Senador Filinto Müller | Senador por quatro vezes entre 1947 e 1973, foi chefe da Polícia Política durante o Estado Novo, instaurado pela ditadura Vargas, tendo participado de operações para capturar liderançasdo movimento comunista, incluindo Luís Carlos Prestes e sua companheira, Olga Benário, extraditada e assassinada pelo regime nazista. Foi presidente da Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido situacionista do regime militar de 1964 | leste | São Rafael |
avenida General Golbery Couto e Silva | General, foi um dos ideólogos do movimento que resultou no golpe de Estado de 1964m que instalou o regime ditatorial marcado por graves violações aos direitos humanos. Foi chefe do SNI (Serviço Nacional de Informação) de 1964 a 1967, órgão de inteligência que fundamentou as perseguições políticas, torturas e execuções durante o período militar | sul | Grajaú |
rua Hely Lopes de Meirelles | Juiz e advogado, comandou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a partir de 1968. Defensor do AI-5, elevou Sérgio Fleury ao comando do Dops, responsável por torturas e assassinatos de presos políticos. Há indícios de seus apoio à formação do "Esquadrão da Morte", responsável por crimes de lesa-humanidade | leste | Tatuapé |
rua Henning Boilesen | Empresário dinamarquês, proprietário da empresa Ultragás, foi um dos principais industriais a financiar a Oban (Operação Bandeirantes), aparato repressivo que vitimou diversos presos políticos durante a ditadura militar. Por vezes visitou o Destacamento de Operações de Defesa Interna e dá nome a um dos mais violentos instrumentos de toruta, a "pianola Boilesen". Em 1971, foi morto por militantes da resistência contra o regime | oeste | Butantã |
prala general Humberto de Souza Melo | General do Exército, atuou na ESG (Escola Superior de Guerra) e participou ativamente da ação que culminou no golpe de 1964, que instaurou o regime militar, responsável por graves violações aos direitos humanos | norte | Vila Maria |
rua Mário Santalucia | Médico-legista do IML (Instituto Médico Legal de São Paulo). Teve participação em caso de emissão de laudo necroscópico fraudulento | norte | Tucuruvi |
praça general Milton Tavares de Souza | General, foi chefe do CIE de novembro de 1969 a março de 1974. Dirigiu a Operação Marajoara, na fase final de extermínio da Guerrilha do Araguaia, quando houve o desaparecimento forçado e a ocultação de cadáveres dos últimos membros das forças guerrilheiras | norte | Vila Maria |
rua Octávio Gonçalves Moreira Junior | Delegado de polícia, serviu no Dops-SP (Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo) e posteriormente no Doi-codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna). Teve participação em casos de tortura e ocultação de cadáveres. Foi morto em 1973 por militares da resistência ao regime. | oeste | Rio Pequeno |
rua Olímpio Mourão Filho | General, atuou no movimento que instaurou o regime ditatorial em 1964, responsável por graves violações aos direitos humanos. Foi presidente do Superior Tribunal Militar (1967 - 1969) –responsável por uma série de perseguições políticas no período | oeste | Rio Pequeno |
rua Sérgio Fleury | Delegado da polícia, serviu no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de São Paulo durante a ditadura militar e no Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime). Teve participação comprovada em casos de tortura, execução e outras graves violações aos direitos humanos, tendo coordenado diversas operações de perseguição a opositores do regime. Foi acusado pelo Ministério Público em processos por liderar o "Esquadrão da Morte", grupo de extermínio | oeste | Vila Leopoldina |
rua 31 de Março | Reivincidada pelos apoiadores do Golpe de 1964 como o dia da deposição do presidente João Goulart, instaurou o regime ditatorial que perdurou o país por 21 anos, responsável por perseguições, torturas, execuções e outras violações aos direitos humanos | oeste | Morumbi |
viaduto 31 de Março | Reivincidada pelos apoiadores do Golpe de 1964 como o dia da deposição do presidente João Goulart, instaurou o regime ditatorial que perdurou o país por 21 anos, responsável por perseguições, torturas, execuções e outras violações aos direitos humanos | centro | Liberdade |
viaduto Governador Abreu Sodré | Governador do Estado de SP de 1967 a 1971, rebatizou a Força Pública como Polícia Militar, que passou a receber instruções do Exército, Doi-codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) e outras instituições com registros de torturas, execuções e outras violações aos direitos humanos durante a ditadura | leste | Mooca |
rua Governador Roberto Costa Abreu Sodré | Governador do Estado de SP de 1967 a 1971, rebatizou a Força Pública como Polícia Militar, que passou a receber instruções do Exército, Doi-codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) e outras instituições com registros de torturas, execuções e outras violações aos direitos humanos durante a ditadura | oeste | Morumbi |
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