Sem taxistas, audiência na Câmara de São Paulo vira debate pró-Uber
Um debate na Câmara de São Paulo que previa uma discussão para buscar "soluções para o conflito entre taxistas e o Uber" serviu para divulgar os aplicativos de carona e serviços alternativos de transporte individual na cidade.
Isso porque os convidados que representam taxistas não compareceram ao evento, organizado pelo vereador José Police Neto (PSD), único parlamentar a votar contra um projeto que proíbe aplicativos de transporte particular como o Uber. O texto, aprovado em junho passado, irá a segunda votação no próximo dia 9.
Motivo de conflitos em vários países, o Uber foi regulamentado no México há cerca de duas semanas. No último dia 8, um motorista que atua por meio do Uber foi sequestrado e agredido em São Paulo.
Para os taxistas, trata-se de concorrência desleal, já que os motoristas do Uber atuam sem pagar os mesmos impostos que eles, e são meio de transporte clandestino, já que não têm licença para atuar.
Por e-mail, o representante do aplicativo 99 Táxi, que conecta os taxistas a passageiros, declinou do convite e pediu à Câmara que o nome da empresa não fosse nem sequer mencionado no evento.
Também convidada, a Adetax (associação das empresas de táxi) também comunicou a assessoria de Police Neto que não participaria.
A prefeitura vem fazendo operações para coibir a atuação de motoristas do Uber dizendo que o serviço não é regulamentado. Veículos que forem flagrados podem ser apreendidos.
O argumento de Police para pedir a regulamentação é que o Plano Diretor aprovado no ano passado previa a criação de políticas de compartilhamento de veículos.
"A Uber é tecnologia a serviço do cidadão. É uma resposta à necessidade de transformar o carro de um problema numa solução", disse Daniel Mangabeira, diretor de políticas públicas do Uber no Brasil, durante o evento.
Também participaram do debate Felipe Barroso, representante da Zazcar –aplicativo de locação de carros por hora sem intermediação de terceiros– e Márcio Nigro, diretor do, aplicativo de caronas que estimula o compartilhamento de carros. Ambos defendem o estímulo de novas modalidades de transportes na cidade.
O professor Paulo Furquim Azevedo, do Insper, também compôs a mesa. Ele está fazendo um estudo para regulamentação dos aplicativos de transporte. Ele argumentou que é possível haver uma convivência pacífica entre taxistas e motoristas.
SEM CONVITE
O sindicato dos taxistas de SP (Sinditaxi) diz que não foi convidado para o evento.
"Não fugimos de debates e nem à obrigação de representar a categoria", disse, por email, o presidente da entidade, Natalício Bezerra.
Para ele, o vereador Police Neto queria os taxistas como "figurantes da sua plateia".
"Infelizmente, no evento promovido pelo vereador, as entidades que deveriam representar os taxistas (na opinião do organizador)
eram a 99Taxis e a Adetax (sindicato da frotas), que não aceitaram o convite até porque não representam a categoria", afirmou.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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