PM suspeita que plano de chacina na Grande SP começou em velório
Leonardo Benassatto/Futura Press/Folhapress | ||
Carro da PM deixa Corregedoria, onde policial suspeito de participar da chacina está preso |
A Corregedoria da Polícia Militar investiga se a série de ataques que deixou 18 mortos na Grande SP começou a ser planejada ainda no velório do PM morto durante roubo a posto de combustível de Osasco no início do mês.
A suspeita consta de um documento apresentado pela própria PM à Justiça Militar em pedido para mandados de busca e apreensão realizadas no final de semana nas casas de 19 suspeitos da chacina.
Quatro desses suspeitos, três deles policiais militares, estavam no velório do cabo Ademilson Pereira de Oliveira, 42, e foram citados por testemunha protegida aos homens da corregedoria.
A versão reforça a principal linha de investigação da polícia: de que a série de mortes tenha sido uma represália à morte do PM, que era integrante do batalhão responsável pela região onde ocorreu a maioria dos homicídios.
A polícia também não descarta que guardas-civis de Barueri tenham participado das mortes na cidade –essas em represália ao assassinato de outro agente dia antes.
Os nomes apresentados pela testemunha, que também estava no velório do cabo Oliveira, levaram à identificação de quatro pessoas –três policiais militares e um homem casado com uma policial.
Clique no infográfico: Os investigados
A Polícia Civil de Osasco já investigou, sem conseguir provas contundentes, a participação desse homem em um grupo de extermínio na cidade em 2013. Na casa dele foi apreendida uma
arma –uma pistola.40, cujo calibre não está entre as cápsulas apreendidas pela perícia.
A suspeita é que esse homem, um segurança de um posto de combustível, seja a pessoa que aparece empunhando uma arma com a mão esquerda em um dos ataques registrados por câmeras.
Outro integrante desse mesmo grupo de extermínio investigado em 2013 seria Fabrício Emmanuel Eleutério, 30, soldado da Rota preso administrativamente pela PM desde sábado por suposta participação nos ataques em série e que teve sua prisão temporária pedida pela polícia nesta terça-feira (25).
Os advogados Nilton Nunes e Flávia Artilheiro, defensores de Eleutério, negam a participação do PM na chacina. Segundo eles, ligações telefônicas e conversas de Whatsapp feitas pelo soldado no momento dos homicídios provam sua inocência.
"Ele mandou mensagens de voz no momento em que os crimes estavam ocorrendo, sem nenhum ruído nem nada. Essas mensagens de voz já estão sendo periciadas comprovando que ele não estava na cena dos crimes", afirma Nilton Nunes.
Além de Eleutério, dois suspeitos dos ataques foram reconhecidos por testemunhas na corregedoria.
BAR
A Polícia Civil de Itapevi, vizinha a Osasco, investiga a possibilidade do assassinato de três pessoas na madrugada do dia 8, logo após a morte do cabo Oliveira, também fazer parte da vingança.
Os três rapazes conversavam em uma calçada quando um carro parou em frente e os matou com tiros na cabeça.
Outra frente da investigação da Corregedoria apura a ida de sete PMs a um bar na zona norte da capital horas depois da chacina. Todos eles são integrantes do 42º Batalhão e colegas do cabo morto.
Segundo uma testemunha que trabalha no bar, um tenente da reserva, eles chegaram ao local por volta das 23h. Os nomes dos sete foram registrados na entrada, conforme regra do local.
A testemunha disse que os policiais foram ao bar para uma confraternização, o que lhe chamou a atenção inclusive pelo fato de os PMs serem do 42º Batalhão de Osasco, área que estava envolvida com os recentes crimes.
O fato de os policiais terem saído do serviço logo depois das mortes na chacina também chamou a atenção. Naquele momento, o policiamento foi reforçado em ruas da cidade -devido ao temor de alguma possível reação dos moradores.
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INVESTIGAÇÃO DA CHACINA
Polícia suspeita de que série de crimes começou a ser planejada em velório de PM assassinado
A chacina
18 mortos e 6 feridos
Duração
cerca de 3h
Distância
raio de 10 km
Principal hipótese
É que seja retaliação por assassinatos de PM na sexta (7), em Osasco, e de Gurda Civil na quarta (12), em Barueri. Dois sargentos, um cabo e o civil foram vistos conversando durante o velório do PM, Ademilson de Oliveira, assassinado no dia 7.ago
Após os crimes
> Uma arma calibre.40 foi apreendida na casa?de um homem canhoto casado com uma policial
> Testemunhas viram policiais recolhendo cápsulas nos locais?da chacina
> Suspeita-se de que tenham coletado as de calibre.40, utilizada por policiais, e de terem deixado as demais lá
Prisão administrativa
> O soldado da PM, Fabrício Emmanuel Eleutério, 30, é o primeiro preso por suspeita de envolvimento na chacina
> Havia sido preso em abril de 2013 sob suspeita de integrar um grupo de extermínio e de ter participado de outras cinco chacinas
> Por ser prisão administrativa, a polícia pode mantê-lo por até cinco dias
> Sua foto foi identificada por testemunha
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