Na Vila Madalena, moradores contabilizam prejuízos após temporal
Moradores da Vila Madalena (zona oeste de São Paulo) contabilizam prejuízos depois do temporal desta terça-feira (8). Casas e carros foram parcialmente danificados em razão da chuva.
Depois de a chuva ter destruído garagem e telhado da sua casa, na rua Rodésia, a aposentada Zilda Monteiro, 85, estima ter perdido R$ 20 mil. A encanação rachou, diz. "Aqui está cheio de buracos e com goteiras".
Sem luz, ela não abriu a geladeira para retardar o degelo dos alimentos. O telefone não funciona e o banho, por enquanto, é frio.
Vizinho dela, o engenheiro Valter Salomão, 64, enfrenta problema semelhante. A garagem está bloqueada porque uma árvore caiu. "Não posso trabalhar, meu escritório está parado", disse, em relação à falta de energia.
O restaurante Holy Pasta, na mesma rua, decidiu transportar todos os alimentos para outro local, para que não estragassem. A entrada ficou obstruída por árvores.
Foi próximo ao local, na tarde de terça, que uma trabalhadora do bairro que caminhava pela calçada ficou ferida em uma das quedas de árvore. Ela ficou presa debaixo dos troncos e foi socorrida por funcionários do restaurante.
Segundo Camila Lolle, 19, cozinheira do Holy Pasta, por volta das 16h30 ela ouviu um estrondo e um pedido de socorro.
"Foi um baita susto e logo depois ouvimos uma pessoa dizendo: 'Alguém me ajude'". Camila conta ainda que os funcionários chamaram uma ambulância, que chegou em 15 minutos. "Ela estava sangrando e precisaram serrar o tronco para retirá-la."
A mulher foi levada para o Hospital das Clínicas com uma fratura no fêmur e nesta quarta continuava em observação. "Ela vai precisar de cirurgia", diz Estella Garçon, dona do Espazio Vintage, onde a vítima trabalha. Seu nome não foi divulgado.
SEGURO
Na rua Harmonia, na altura do número 1201, outra árvore caiu durante o temporal.
O tronco atingiu um carro, que estava estacionado na calçada. O automóvel havia sido alugado pela empresa AgePlan, que funciona no local.
"O seguro não cobre, então vamos ter que pagar do nosso bolso. Depois vamos pedir o reembolso", afirma Raul Rodrigues, 33, técnico de segurança do trabalho da empresa.
Rodrigues conta que há mais de um ano tenta encontrar uma solução para as árvores da rua.
"Chamei a prefeitura para a poda em outubro de 2014. A empresa prestadora do serviço avisou que a árvore, que caiu ontem, estava podre e precisava ser retirada. Dizem que não puderam fazer porque, antes de retirar, a Eletropaulo teria que remover os fios, o que não foi feito. Ficou um jogo de empurra-empurra, conta.
Segundo o técnico agrícola Maciel Morgado, funcionário da Florestana (empresa contratada pela Prefeitura), as espécies das árvores que caíram nas duas ruas não eram apropriadas para o solo.
"Na Harmonia era uma Tipuana e na Rodésia, um Pau Ferro. São espécies que não têm raízes profundas e atingem grandes alturas. Na minha opinião, não são adequadas para calçada e por isso caíram. Mas essas árvores estão aí há mais de 40 anos", diz.
TEMPORAL
O temporal fez desta terça o dia mais chuvoso do ano em São Paulo, com acumulado médio de 69,3 mm, de acordo com o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências). Em um só dia, choveu mais que a média histórica de setembro, que é de 67 mm.
Segundo o Corpo de Bombeiros, caíram 70 árvores em toda a capital do Estado. A chuva deu uma trégua na madrugada, mas na manhã desta quarta ainda havia pontos da cidade sem energia elétrica.
Não há previsão para chuvas significativas para esta quarta, segundo o CGE. Na quinta (10), pancadas rápidas de chuva devem ocorrer entre a tarde e a noite, com menor potencial de alagamentos, segundo o órgão. A previsão do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) é de que a capital paulista tenha tempo fechado ao menos até o fim da semana.
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