Uber pressiona Haddad a vetar projeto que proíbe o aplicativo em São Paulo
A empresa Uber, do aplicativo que conecta motoristas particulares a passageiros, lançou mão neste domingo (4) de uma campanha para pressionar o prefeito Fernando Haddad (PT) a vetar o projeto de lei que proíbe o serviço na cidade.
O projeto foi aprovado em segunda votação na Câmara, sob forte pressão de taxistas, no dia 9 de setembro.
Em anúncios de duas páginas em jornais, a empresa avisa: "Prefeito Haddad: enviamos este e-mail hoje cedo para o senhor. Caso ainda não tenha lido, publicamos aqui também". Na sequência, a empresa reproduz a mensagem que diz ter encaminhado ao prefeito. A partir desta segunda (5), haverá também inserções em emissoras de rádio e na internet.
No e-mail há elogios à "coragem" de Haddad em implementar medidas como as ciclovias, a redução dos limites de velocidade em vias da capital e a expansão das faixas exclusivas de ônibus.
Em tom de ironia, afirma que "não seria por falta de coragem" que o prefeito proibiria o serviço do aplicativo.
Procurada, a assessoria de imprensa da prefeitura informou que Haddad não iria comentar os anúncios.
O Uber já havia feito campanha neste ano para que usuários enviassem e-mail aos vereadores, quando o projeto ainda estava na Câmara. Inundado por mensagens, o sistema de e-mails da Câmara chegou a ser afetado.
REGULAMENTAÇÃO
Haddad já manifestou intenção de regulamentar o Uber. De acordo com interlocutores do prefeito, serão definidas regras para que não haja conflito de interesse entre os motoristas e os cerca de 30 mil táxis que circulam na cidade.
Sem detalhar como seria a regulamentação, Haddad disse em Paris que deve-se buscar um caminho intermediário para evitar conflitos –taxistas fizeram vários protestos até que a Câmara aprovasse o veto a aplicativos como o Uber.
O projeto que está nas mãos do prefeito, embora proíba os aplicativos, tem uma emenda –sugerida pela prefeitura– que prevê estudos para eventual regulamentação.
Depois da fala em Paris, o prefeito disse que até esta semana criaria um "marco regulatório" sobre o transporte por aplicativos.
"A própria lei que foi aprovada na Câmara diz que nós não podemos desperdiçar a tecnologia. Não vamos desperdiçar, que é o que as pessoas querem, com razão", disse Haddad.
O gerente-geral da Uber no Brasil, Guilherme Telles, afirmou em entrevista à Folha que a imposição de limites à atuação da empresa vai estimulará a criação de um "mercado paralelo".
"O mais importante é que não sejam criadas barreiras artificiais, porque, quando se cria uma regulamentação com essas barreiras, isso gera um mercado paralelo", disse.
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