Exército acha sequência de criadouros em mutirão contra dengue no Recife
Alto do Mandu é um morro na zona norte de Recife povoado por casas simples, algumas vezes mais de uma no mesmo terreno. É também um exemplo do tamanho do desafio que a cidade enfrenta diante de um surto de microcefalia –doença causada pelo vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. O Estado tem 646 dos 1.248 casos suspeitos no país.
Nesta segunda-feira (7), soldados do Exército fizeram a primeira "varredura" no local atrás de possíveis focos do mosquito. O que encontraram foi uma sucessão de criadouros em que as larvas do Aedes crescem livremente.
Editoria de Arte/Folhapress |
Grávida de cinco meses, Roseli Paula da Silva, 31, mora em uma das sete casas que divide o mesmo terreno na parte mais alta do morro. Ao lado da cunhada, Jéssica Bezerra, 32, estranharam a presença dos soldados por ali uma vez que "nunca passa ninguém para matar essas larvas" e resolveram se queixar de um dos moradores do local.
"Lá no fundo tem uns tambores cheio de água, se procurar ali vai achar um monte de larva", disse Jéssica a um soldado. Estava certa.
Três casas à frente, o aposentado José Gomes, 85, estocava seis baldes de água no quintal. Todos tinham larvas que segundo os soldados estavam no último estágio de desenvolvimento. "Aqui a água chega dia sim, dia não", disse. "Tem que guardar."
No último sábado (5), o governo federal divulgou o Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia, dividido em três eixos de ação: Mobilização e Combate ao Mosquito; Atendimento às Pessoas; e Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Pesquisa.
Para o primeiro eixo, o documento prevê a mobilização de agentes comunitários a fim de reforçar a orientação à população sobre o combate ao mosquito nas residências. Pelo novo plano, serão feitas mobilizações com agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias.
Em nota, o Ministério da Saúde informa que, para o controle do vetor, o governo federal vai adquirir e disponibilizar equipamentos para a aplicação de inseticidas e larvicidas e garantir a compra dos insumos.
As Forças Armadas e a Defesa Civil vão dar apoio logístico para o transporte e a distribuição de inseticidas e de profissionais de saúde. Os dois órgãos também vão atuar em visitas a residências para eliminação e controle do vetor, além de mobilizações de prevenção, como mutirões.
Em pleno surto de microcefalia e com alta nos casos de dengue neste ano, o Nordeste enfrenta greve de agentes de controle de vetores, corte nas equipes e falta de larvicida para combater o mosquito Aedes aegypti.
Rio Grande do Norte, Sergipe e Paraíba chegaram a ficar sem larvicida por quatro meses, e houve racionamento do produto no Ceará, Piauí, Bahia e Alagoas.
O larvicida, fornecido pelo Ministério da Saúde, é aplicado pelos agentes nas casas para eliminar potenciais criadouros do Aedes.
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