Com surto de gripe, hospital de SP tem demora, confusão e até barricada
Em meio ao surto de gripe H1N1 na capital paulista e ao aumento de 50% na demanda, o Hospital Municipal São Luiz Gonzaga, no Jaçanã (zona norte), virou palco de uma batalha entre pacientes e funcionários, que chegaram a montar uma barricada de cadeiras para impedir a entrada no pronto-socorro infantil.
A mãe de uma criança só conseguiu ser atendida após chamar a Polícia Militar. A confusão começou na noite de terça (29), quando pais de crianças doentes discutiram com médicos plantonistas devido à demora no atendimento. Alguns esperavam havia nove horas no local ou retornavam pela segunda vez no mesmo dia para conseguir uma consulta.
Robson Ventura/Folhapress | ||
Portas bloqueadas com cadeiras para impedir o acesso ao PS infantil no hospital São Luiz Gonzaga |
Conforme mostrou a Folha nesta semana, a falta de pediatras em unidades municipais tem levado a uma peregrinação de pais na periferia. O prefeito Fernando Haddad (PT) admitiu que "a carência ainda é muito grande".
"Minha mãe morreu em 2008 neste hospital por demora no atendimento, só volto aqui por falta de opção", diz o eletricista Reinaldo Teixeira, que esperava havia mais de sete horas por um médico para o filho de três anos –com febre e sangramento no nariz.
Segundo o engenheiro Adriano Borges, os funcionários do São Luiz Gonzaga disseram que, se as pessoas quisessem ser atendidas mais rapidamente, deveriam ir a outro hospital. Ele levou os três filhos –com gripe e febre– ao pronto-socorro, mas só dois conseguiram ser atendidos na madrugada desta quarta (30), mais de cinco horas após sua chegada.
Peregrinação pelos PS's de São Paulo
BARRICADA
Nesta quarta, de acordo com pais de crianças levadas ao pronto-socorro, os servidores do hospital fizeram uma barricada com cadeiras depois de uma equipe de televisão filmar o local. Segundo pais, quem conseguia entrar no pronto-socorro recebia a previsão de 48 horas de espera e a informação de que somente emergências eram atendidas.
A dona de casa Cristiane Sanches, 21, disse que, por volta das 12h, esmurrou a porta e implorou para que seu filho Bernardo, 1, fosse atendido. Ele estava com febre alta e tinha sofrido convulsões. Os funcionários deixaram ela entrar, mas uma médica, segundo Cristiane, dispensou a criança. "Ela olhou para meu filho, disse que não era caso de urgência e falou para eu voltar outro dia."
A dona de casa conta que se desesperou ao ver o filho desmaiado e chamou a polícia. "Já perdi um filho no 7º mês de gravidez, não queria perder outro." Segundo ela, quatro carros da PM chegaram, e Bernardo foi atendido.
OUTRO LADO
A Santa Casa de SP, que administra o Hospital Municipal São Luiz Gonzaga, afirmou, em nota, que a porta do pronto-socorro infantil foi trancada porque a triagem foi deslocada para outra parte do hospital em razão do aumento da procura. Informou ainda que a demanda do pronto-socorro infantil no São Luiz Gonzaga aumentou 50% nos últimos dias "pelas condições ambientais características desta época do ano".
Em relação à espera, disse que "trabalha no limite operacional, o que também influencia o tempo para os pacientes serem atendidos".
A Secretaria da Saúde da gestão Haddad disse que só a Santa Casa se pronunciaria.
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