Jubayr Ubiratan Bispo (1929-2016)
Mortes: Um jornalista que gostava de declamar poesia
Sem a televisão, que ainda não tinha chegado ao país, Jubayr Ubiratan Bispo cresceu com a família reunida ao redor da poesia. Sua mãe organizava saraus em casa, em Monte Alto (a 356 km de São Paulo), e todos se revezavam na hora de declamá-las.
Os anos se passaram, a TV chegou, mas Jubayr manteve a paixão pela poesia. Os filhos deitavam em sua cama para ouvi-lo citar trechos de Castro Alves, Augusto dos Anjos, Olavo Bilac. "'O Caçador de Esmeraldas' é uma obra imensa, e ele declamava de forma linda", lembra a filha Márcia.
Profissionalmente, ele usava as palavras de outra forma: no jornalismo. Começou na década de 1960, em uma revista de aviação. Teve depois uma gráfica e um jornal semanal, até comprar, em 1986, o "Diário de Ribeirão Preto".
Toda a sua jornada foi acompanhada pela mulher, Vilma. Os dois se conheceram quando ele foi convidado para compor uma mesa de carteado na casa da mãe dela. Casaram-se, tiveram três filhos e ficaram juntos por 54 anos.
A cada novo negócio, repetia que devia ter estudado administração, mas acabou se decidindo pelo direito. Fez o curso nos anos 1970, conciliando com trabalho e família, e emendou logo o curso de jornalismo. Na casa dos 50, era um dos mais velhos da turma, mas gostava de estudar e não conseguia ficar parado.
Era impulsivo e tinha gênio forte, mas mantinha o bom humor. Acumulava amigos e inspirava as pessoas. Seus netos, por exemplo, fizeram direito e jornalismo.
Morreu dia 7, aos 86, devido a uma hidrocefalia. Deixa a mulher, dois irmãos, duas filhas, quatro netos e amigos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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