Capez isola plenário, decreta folga na Assembleia e pedirá reintegração
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de SP, durante entrevista coletiva |
O presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Fernando Capez, decretou ponto facultativo (folga) nesta quarta (4), na Casa. A área jurídica da Alesp está preparando um pedido de reintegração de posse do prédio.
Tecnicamente, sua estratégia é de "saturação", em suas palavras. O plenário será "isolado": os manifestantes que saírem não poderão retornar e a imprensa também não poderá ter acesso aos estudantes para "não dar palco", segundo o deputado.
Segundo Capez, a reintegração será feita de forma "pacífica, ordeira, consensual, evitando o máximo de confronto". E ele reforça: "Não vai haver violência nem confronto porque esse é o interesse de quem invade".
"A Assembleia vai tomar as providências para recuperar o espaço da população. Temos aqui quatro projetos importantes para ser votados neste semestre", disse Capez. Os quatro projetos a que ele se refere são sobre recursos hídricos e PPPs (parcerias público-privadas).
Cerca de 50 manifestantes invadiram a instituição na tarde de ontem. Liderados por movimentos estudantis de alunos dos ensinos fundamental e médio, eles reivindicam a instauração imediata da CPI da Merenda, para investigar supostos esquemas de favorecimento na compra de lanche de escolas estaduais.
"Esse é um ato político de desgaste da imagem. Não apenas minha, mas também do governador", diz, ressaltando que tem todo o interesse em instaurar a CPI.
Capez disse também que seria proibida a entrada de comida no plenário, onde estão os estudantes. No começo da tarde desta quarta, porém, dois deputados do PT, Luis Turco e Joao Paulo Rillo, entregaram caixas de alimentos no local. Segundo um assessor de Luiz Turco, os mantimentos haviam sido enviados hoje cedo. As caixas, pequenas, tinham suco, água, pão de forma, queijo e presunto. Se novos alimentos forem encaminhados ao prédio, a entrada precisará ser negociada novamente.
7 ASSINATURAS
Até a manhã desta quarta (4), faltavam sete assinaturas para a abertura da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Merenda, para investigar um esquema de favorecimento na compra de itens do lanche escolar.
Até as 21h30, a bancada do PT na Alesp conseguiu reunir 25 assinaturas das 32 necessárias para protocolar o pedido de CPI. A Assembleia tem 94 deputados, dos quais 76 fazem parte da base aliada do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
UNIÕES ESTUDANTIS
Entre os cerca de 50 jovens que permaneciam no plenário da Assembleia Legislativa nesta quarta (4), há integrantes de entidades estudantis e alunos de escolas estaduais e até de universidades particulares.
A maioria é ligada a organizações como a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Segundaristas), UEE (União dos Estudantes Estaduais) e UJS (União da Juventude Socialista), ligada ao PC do B.
O plenário foi invadido na tarde de terça (3). Os estudantes afirmam que só vão sair quando for instaurada uma CPI para investigar as fraudes na merenda. O presidente da Assembleia, deputado Fernando Capez (PSDB) pediu reintegração de posse do local à Justiça.
Antes disso, isolou o plenário em uma estratégia que chamou de "saturação": manifestantes que saíram foram proibidos de retornar, e a imprensa não pôde ter acesso aos jovens para, segundo o deputado, "não dar palco".
Capez anunciou que vetaria a entrada de mantimentos, mas liberou a entrada de pequenas caixas com comida levadas por dois deputados do PT. Segundo o tucano, os parlamentares o avisaram que havia menores na invasão, o que ele desconhecia.
Capez afirmou que a reintegração será feita de forma "pacífica, ordeira, consensual, evitando o máximo de confronto".
LADO DE FORA
Além dos jovens dentro do plenário, apoiadores se instalaram do lado de fora da Assembleia. Juliana, 22, que não quis ter o sobrenome divulgado, era uma delas. Integrante da UJS e aluna de arquitetura na FMU, ela conta que os jovens planejaram entrar no plenário na segunda (2). A decisão foi divulgada em redes sociais.
Segundo ela, muitos no grupo participaram de ocupações das escolas estaduais no ano passado em protesto contra a reorganização da rede pelo governo Alckmin (PSDB).
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