Amigo de menino morto pela PM deve entrar em programa de proteção
O Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos) afirmou nesta terça-feira (14) que vai entrar com pedido para que a criança de 11 anos que sobreviveu à ocorrência que terminou com a morte do menino Italo, 10, entre, junto de sua família, no PPCAAM (Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte).
Italo morreu com um tiro na cabeça após perseguição policial na Vila Andrade, na zona sul de São Paulo.
"Devido à repercussão, conversei com a mãe e ela concordou que eles entrassem para o programa e que eles deixem o local aonde moram. É preocupante a exposição dele", disse Luiz Carlos dos Santos, conselheiro e relator da Comissão da Violência Policial e Letalidade do Condepe.
"Eu sei que pode acontecer alguma coisa comigo e com ele", disse a mãe do menino ao membro do Condepe. Além do garoto, segundo o órgão, a mãe, os três irmãos e o avô dele também serão incluídos no programa, que prevê, entre outras coisas, a permanência da família em uma casa em outra cidade.
Segundo Silva, o Conselho Tutelar já conversou com o menino e sua família para avaliar a situação e encaminhar o pedido à Secretaria de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania. O Conselho Deliberativo da secretaria, formado por representantes da sociedade civil, vai analisar o caso e decidir sobre a inclusão ou não dele e da família no programa –o resultado deve sair em dois dias.
O Condepe disse que vai solicitar ainda nesta terça as gravações de toda a conversa do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) para saber de que "forma foi conduzida a ocorrência na noite dos fatos".
MEDIDA CAUTELAR
Desde segunda-feira (13), os quatro policiais militares envolvidos cumprem expediente administrativo diário na Corregedoria da Polícia Militar. Os policiais vão se apresentar de segunda a sexta-feira na sede do órgão, na Luz (região central), onde ficarão em uma sala fardados, mas desarmados e sem os celulares, das 9h às 18h, constantemente filmados.
Oficialmente, a medida não é considerada um tipo de detenção. Oficiais da Corregedoria apontam que se trata apenas de uma medida cautelar para evitar vazamentos de informações e deixar os policiais de prontidão para prestarem novos esclarecimentos, inclusive da Polícia Civil.
O advogado dos PMs, Marcos Manteiga, vê de forma diferente. Segundo ele, os policiais podem até mesmo ter suas conversas grampeadas por escutas. "Aos meus olhos, é um abuso de autoridade [do Comando da PM], uma prisão velada, uma forma de tortura", disse o advogado.
Desde o ocorrido, os dois policiais da Rocam (tropa de motos) que afirmam terem atirado em direção ao carro já estavam longe das ruas. Na semana seguinte, os outros PMs, que ficaram com a criança sobrevivente, de 11 anos, também foram deslocados para a área administrativa. Os quatro, no entanto, seguiam na sede do batalhão responsável pela área, sem restrições para uso de celulares ou computadores, mas desarmados.
A Polícia Civil aguarda o resultado de mais laudos feitos pela perícia, entre eles as balísticas nas armas dos PMs e do revólver calibre 38 apreendido como sendo de Italo, para decidir de que forma o outro menino será ouvido novamente.
Só então a reconstituição do crime deverá ser feita, para avaliar se Italo teria condições de dirigir e atirar com a mão esquerda, mesmo sendo destro.
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