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11/04/2011 - 13h58

Mutirão limpa escola após massacre no RJ; pais buscam material

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CIRILO JUNIOR
DO RIO

Um mutirão realizado nesta nesta segunda-feira na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo (zona oeste do Rio), limpou e pintou as salas onde 12 adolescentes foram mortos a tiros na última quinta (7). O atirador, Wellington Menezes de Oliveira, 23, ex-aluno da escola, cometeu suicídio depois do massacre. Dez feridos permanecem internados, sendo um deles em estado grave.

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Além da limpeza, a escola reabriu hoje para receber os pais que querem buscar o material escolar deixado pelos filhos. Muitas crianças chegam ao local, mas não conseguem entrar, segundo o porteiro do colégio, Joaquim Vitorino, 57. Os pais relatam que, traumatizados, os alunos não querem nem chegar perto da unidade.

Josilene Josina Francisco, 32, foi buscar o material da filha Juliana, 13. Ela estava na primeira sala invadida por Wellington. Segundo a mãe, Juliana não quer voltar para a escola e, apesar do acompanhamento psicológico, não consegue dormir nem se alimentar direito.

Quando o atirador entrou na sala, Juliana estava sentada nas carteiras da frente e viu duas colegas sendo mortas. Ela fugiu quando Wellington parou para recarregar a arma.

A irmã de Juliana, Joice, de dez anos, estudava no terceiro andar. Na hora dos tiros, a professora trancou a sala, e as crianças ficaram abaixadas.

O porteiro, que trabalha no colégio desde 2000, disse que não se lembra de Wellington como aluno. "Pra eu não lembrar de uma criança é difícil, conheço todo mundo aqui".

Danilo Verpa - 09.abr.11/Folhapress
Abraço coletivo em frente à escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio
Abraço coletivo em frente à escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio

CARTAS

Em anotações encontradas pela polícia em sua casa, o atirador pôs a culpa pelo massacre em Realengo nos que o humilharam na escola na adolescência. Os manuscritos foram exibidos ontem à noite no "Fantástico", da Rede Globo.

"Muitas vezes, aconteceu comigo de ser agredido por um grupo e todos os que estavam por perto debochavam, se divertiam com as humilhações que eu sofria sem se importar com meus sentimentos", escreveu ele.

"Não sou eu o responsável pela morte de todos", prosseguiu. A culpa, de acordo com o atirador, é dos que "se aproveitam da bondade ou da inocência de um ser".

Ele chama, ainda, o sul-coreano Cho Seung-hui e Edmar Aparecido Freitas de irmãos. O primeiro matou estudantes no campus da Virgínia Tech, nos Estados Unidos; o brasileiro foi o autor de atentado em uma escola de Taiúva, no interior paulista.

Em vários trechos das cartas, Wellington demonstra simpatia ao terrorismo e faz referência a um suposto grupo islâmico extremista.

Um psicólogo forense do IML (Instituto Médico Legal) vai traçar o perfil psicológico de Wellington em até 30 dias, quando também deve ser concluído o inquérito do caso.

TIROS

A tragédia ocorreu por volta das 8h30 de quinta-feira (7), após Wellington entrar na escola onde cursou o ensino fundamental e dizer que buscaria seu histórico escolar. Depois, disse que daria uma palestra e, já em uma sala de aula, começou a atirar nos alunos.

Relatos de sobreviventes afirmam que ele mirava na direção nas meninas. Uma das alunas contou aos policiais que, ao ouvir apelos para não atirar, Oliveira mirava na direção delas, tendo como alvo a cabeça.

Os policiais informaram ainda que, pelas análises preliminares, há indicações de que Oliveira treinou para executar o crime.

Durante o tiroteio, um garoto, ferido, conseguiu escapar e avisar a Polícia Militar. O policial Márcio Alexandre Alves relatou que Oliveira chegou a apontar a arma para ele quando estava na escada que dá acesso ao terceiro andar do prédio, onde alunos estavam escondidos. O policial disse ter atirado no criminoso e pedido que ele largasse a arma. Em seguida, Oliveira se matou com um tiro na cabeça.

A motivação do crime será investigada. De acordo com a polícia, o atirador usou dois revólveres e tinha muita munição. Além de colete a prova de balas, usava cinturão com armamento. Em carta (leia íntegra aqui), o criminoso fala em "perdão de Deus" e diz que quer ser enterrado ao lado de sua mãe.

Arte/Folha

ARMA

Na última sexta-feira, a polícia prendeu o chaveiro Charleston Souza de Lucena, 38, e do segurança desempregado Izaías de Souza, 48, acusados de vender um revólver calibre 32 que Wellington usou no ataque.

No fim de semana, eles foram transferidos ao presídio Ary Franco, em Água Santa, na zona norte do Rio. Em depoimento, eles confessaram terem intermediado a venda da arma para Wellington.

Lucena, que tem um quiosque nas proximidades da casa de Wellington, em Sepetiba (zona oeste), disse que o atirador lhe perguntou se conhecia alguém que pudesse lhe fornecer uma arma para se proteger, já que morava sozinho.

No ataque à escola, Wellington matou 12 estudantes e feriu outros 12. Dez permanecem internados, sendo alguns em estado grave. A polícia ainda não sabe como o atirador obteve o outro revólver, de calibre 38, também usado no crime.

 

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