Banco se omite de cuidar dos caixas eletrônicos, afirma delegado
As instituições financeiras se omitem da obrigação de cuidar do próprio patrimônio. A afirmação é do diretor do Deinter-3 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), João Osinski Júnior, e se refere às constantes explosões de caixas eletrônicos no país.
"Para o banco, é tranquilo, porque tem o seguro. Quem prova quanto tinha dentro de cada caixa? Também não sei. Agora quero recibos. Na verdade, estou chamando o banco à responsabilidade dele", disse o delegado, para quem os crimes dessa natureza diminuíram após o endurecimento da polícia.
Só na região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) --abrangência do Deinter-3--, os caixas eletrônicos foram alvos de 27 casos de explosões de neste ano.
O último episódio foi registrado no dia 28 de junho, quando três caixas do Bradesco foram alvos de explosão em Ribeirão. Três dias antes, a ação ocorreu em Pradópolis (315 km de SP), onde homens armados levaram cerca de R$ 100 mil após explodirem dois caixas eletrônicos do Banco do Brasil.
Mariana Martins - 5.mai.13/Folhapress | ||
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Caixa eletrônico (coberto, à esq.) explodido por assaltantes em loja de conveniência de posto de combustíveis de Ribeirão Preto |
De acordo com Osinski, "todos têm de ter a cota de responsabilidade". "Se não tem colaboração, não tem limite."
Para fechar o cerco, Osinski determinou a abertura de inquéritos nos 93 municípios de abrangência do Deinter onde houve este tipo de crime.
"Em todo caixa que explodir eu quero saber quanto tinha de dinheiro, quem foi que abasteceu, se o banco ou empresa privada, e qual sistema de garantia o banco tinha. Isso, por si só, já diminuiu os furtos", disse.
O Deinter orientou as instituições a priorizar o abastecimento dos caixas eletrônicos com equipes próprias em vez de terceirizados. O objetivo é reduzir chances de vazamento de informações privilegiadas.
Outra orientação é que sejam colocados valores menores nos terminais de autoatendimento na madrugada, para desestimular a prática ao dar "prejuízo" aos ladrões.
"Se deixar R$ 20 mil [disponíveis] à noite, é uma quantia grande que ninguém vai sacar [de uma vez]. Mas, se 15 bandidos explodirem, vão levar prejuízo, porque dá pouco mais de R$ 1.000 para cada um."
O delegado também cita o fortalecimento da Polícia Militar à noite, que também inibe atos criminosos.
OUTRO LADO
Procurada, a Febraban (Federação Nacional dos Bancos) informou que aconselha e adota medidas para aumentar a segurança de seus clientes. Porém, não disse o que tem feito para coibir explosões em caixas de autoatendimento.
A instituição não quis comentar as declarações de Osinski.
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