Repasses da prefeita de Ribeirão Preto (SP) à Coderp dobram em 4 anos
Os pagamentos da Prefeitura de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) à Coderp (empresa de desenvolvimento econômico da cidade) mais que dobraram nos quatro primeiros anos do governo Dárcy Vera (PSD).
Entre 2009 e 2012, esse montante saltou 112,8%, de R$ 30,3 milhões para R$ 64,5 milhões. No mesmo período, o orçamento municipal teve um incremento de 43%.
Contando os dados só deste ano, os repasses do município (R$ 51,3 milhões) só perdem para orçamento anual de três secretarias --Saúde, Educação e Administração.
Por ser uma empresa de economia mista, cuja maioria das ações pertence à prefeitura, a Coderp costuma ser contratada sem licitação para prestar serviços que vão da instalação de cabos de fibra ótica à administração do cemitério Bom Pastor. Contrata ainda empresas privadas, por licitação, para fornecer mão de obra ou consultoria.
Edson Silva - 13.ago.2012/Folhapress | ||
Sede da Atmosphera em Ribeirão, uma das empresas contratadas pela Coderp; repasses da prefeitura à companhia dobraram |
'FAVORES ELEITOREIROS'
O aumento do peso da Coderp no governo Dárcy atrai críticas à Coderp desde 2009.
A oposição diz, por exemplo, que a terceirização gerida pela companhia funciona como moeda de troca da administração por apoio político.
"A Coderp serve como uma forma de a administração pagar os favores eleitoreiros da campanha", disse a tucana Gláucia Berenice.
Segundo ela, a empresa é usada ainda para terceirizar mão de obra, sem que os gastos com pessoal sejam computados no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Procurado, o governo nega o viés eleitoreiro e diz que a alta dos gastos se deve ao aumento nos serviços prestados pela Coderp, como a instalação da rede de fibra ótica.
TCE VÊ IRREGULARIDADE
Auditoria do TCE (Tribunal de Contas do Estado) apontou a terceirização irregular de mão de obra pela Coderp, por meio de um contrato com a empresa Atmosphera. O caso ainda não foi julgado pelos conselheiros do tribunal.
Os técnicos do TCE também apontaram a ausência de competitividade na licitação, de R$ 7,1 milhões, para a contratação de serviços de "qualificação técnica em informática e serviços de apoio administrativo".
Reportagem da Folha revelou no ano passado que, das três empresas que disputaram a licitação, duas eram controladas pela mesma família.
A Atmosphera tinha na ocasião como representante legal o empresário Marcelo Plastino, que também aparecia nos contratos como sócio administrador da Tecmaxx. Já a mãe de Plastino, Marina Celia Lemelle Plastino, é dona da Atmosphera.
As duas empresas disputaram juntas pelo menos outras cinco licitações.
Segundo o secretário da Administração, Marco Antonio dos Santos, não houve irregularidades nas concorrências públicas. O foco da Coderp é o apoio tecnológico à prefeitura, disse Santos, também presidente do PSD.
Procurados, os representantes das duas empresas não foram localizados para falar sobre o assunto.
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