Melhor do mundo, brasileira diz que prêmio eleva país a potência no handebol
O país que joga bola com as mãos. Este não é o Brasil. Mas nasceu no interior de São Paulo e cresceu no Espírito Santo a nova melhor jogadora de handebol do mundo: Alexandra Nascimento, 31.
Um dia depois de o argentino Lionel Messi ser eleito pela quarta vez o melhor do planeta com a bola nos pés, o Brasil foi surpreendido, na terça, com o anúncio da Federação Internacional de Handebol, após eleição em que a brasileira recebeu 28% dos votos dos especialistas.
"O que pode mudar [com o prêmio]? Depende. Mas agora não depende mais só de nós. Depende de como as pessoas vão ver o handebol brasileiro: como potência ou acidente. Espero que vejam como potência. Pelo o que fizemos no Mundial e na Olimpíada, acredito que seja potência", afirma Alexandra, por telefone, da Áustria, onde joga desde 2004 pelo Hypo NÖ.
O Brasil foi quinto no Mundial-11 e sexto em Londres-12. Alê, como é chamada, foi artilheira do torneio em 2011 (57 gols) e escolhida para o "Time das Estrelas" nos Jogos.
"Espero que confiem e acreditem mais em nós agora. Somos respeitadas na Europa, mas o prêmio nos coloca entre as melhores. Já estava felicíssima de estar entre as cinco finalistas na eleição. É um grande avanço, muda muito para nós."
É a primeira vez que um atleta do continente americano é escolhido como melhor do mundo no handebol. A eleição acontece desde 1988.
No masculino, o vencedor foi o francês Daniel Narcisse. O prêmio será entregue na Espanha, na final do Mundial masculino, em 27 de janeiro. Ambos vão receber € 10 mil (cerca de R$ 26 mil) cada um.
Canhota, ponta direita da seleção brasileira tricampeã dos Jogos Pan-Americanos e com três participações olímpicas no currículo, Alê não recebe bolsa-atleta e também não possui patrocinadores próprios. Tem apenas o salário do clube austríaco, com o qual renovou contrato até 2016. Para 2013, espera receber salário fixo da Confederação Brasileira de Handebol.
"Acredito que a mudança virá devagar, é preciso ter paciência, mas vai mudar. O handebol nunca teve um resultado expressivo, pois, no Brasil, expressivo é medalha. Mas, para ter medalha, precisamos de tempo e recursos. É difícil querer ser potência mas não trabalhar para ser potência. Precisamos investir na base", critica Alê.
Nascida em Limeira, a melhor do mundo cresceu em Vila Velha e Vitória (ES), atuou em Jundiaí e Guarulhos antes de se mudar para a Áustria, onde joga em um time com outras sete brasileiras. E elas são a base para os próximos dois Mundiais antes de 2016.
"O objetivo já era uma medalha em Londres, não vamos mudar para a Olimpíada no Rio", conclui a Alê, que, no dia em que foi escolhida a melhor do mundo, treinou em dois períodos, foi buscar o cunhado no aeroporto e falou com o marido (o jogador chileno Patricio Martinez) e a família só por telefone.
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