Conflito de interesses trava verba federal para obras do Itaquerão
Estádio que vai abrir a Copa do Mundo de 2014, o Itaquerão, em São Paulo, ainda não recebeu um centavo do financiamento federal de R$ 400 milhões solicitado.
O entrave ocorre devido a divergências entre o Corinthians, a Odebrecht e o Banco do Brasil, repassador do empréstimo. A verba já foi liberada pelo BNDES, mas está parada no banco federal.
Há aproximadamente quatro meses, executivos das três partes se reuniram para solucionar o problema.
No encontro, o vice-presidente do BB, Paulo Caffarelli, disse a Luis Paulo Rosenberg, vice do Corinthians, que a liberação do dinheiro só ocorrerá quando a Odebrecht oferecer garantias financeiras que assegurem o pagamento dos R$ 400 milhões.
Segundo a Folha apurou, a empreiteira propôs um tipo de garantia que não foi aceito pelo BB. De acordo com essa oferta, o patrimônio da empresa não poderia ser usado como garantia.
O banco informa que o financiamento só será liberado quando a Odebrecht oferecer como garantia aval ou fiança em caso de inadimplência. Nesses casos, o patrimônio da construtora seria um instrumento de pagamento do empréstimo.
Atender as exigências do BB comprometeria a imagem da empresa no mercado.
A Odebrecht, então, tenta criar alternativas para driblar essa exigência, obter a liberação do dinheiro e ganhar fôlego para tocar a obra, que já consumiu R$ 350 milhões.
A empreiteira fez dois empréstimos-ponte (Banco do Brasil e Santander) para conduzir a construção enquanto os R$ 400 milhões não saem.
GESTÃO
Um dos modos propostos pela empreiteira para driblar a exigência do BB é que o banco possa pedir a troca na gestão da arena, caso o empréstimo não esteja sendo pago.
O BB teria poder para cobrar que o Corinthians trocasse o administrador das receitas do Itaquerão. Essa possibilidade é questionada dentro do Parque São Jorge.
Cartolas corintianos veem essa saída como uma chance de terceiros, inclusive a Odebrecht, que recentemente criou empresa para gerir arenas, conseguirem a administração de seu estádio.
O clube não abre mão de gerir a arena, que deve ser entregue em dezembro.
No encontro entres as entidades, quatro meses atrás, o BB deixou claro ao clube e à empreiteira que a gestão do estádio nada afeta na liberação do recurso --a questão é apenas a garantia financeira.
A Odebrecht vai aguardar até abril uma solução para o caso. Se nada for resolvido, não está descartada a possibilidade de a construtora abrir mão do empréstimo federal, com juros menores, e procurar outras fontes de financiamento para o estádio.
A arena está prevista para ser entregue em dezembro.
Oficialmente, Corinthians e Odebrecht afirmam que continuam em negociações com o Banco do Brasil para liberar o empréstimo o mais rápido possível --informação também confirmada pelo BB.
Editoria de arte/Folhapress | ||
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