Ouro nos 100 m, Fonteles ganha impulso para a Rio-2016
Os dois ouros que Alan Fonteles, 20, já obteve no Mundial Paraolímpico de atletismo em Lyon (FRA), nesta semana, são parte de um plano para torná-lo o grande astro dos Jogos do Rio.
O velocista, que compete na classe T43 (para biamputados), recebe investimento pesado do CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro) desde que bateu o sul-africano Oscar Pistorius nos 200 m da Paraolimpíada de Londres.
Segundo a Folha apurou, Alan tem rendimento mensal que pode chegar a R$ 50 mil, entre salário e patrocínios.
Também tem à sua disposição um time multidisciplinar com médico, nutricionista e fisioterapeuta.
A psicóloga Regina Brandão, que trabalhou com a seleção brasileira de futebol na Copa-2002, também faz parte da equipe. Uma preocupação do estafe de Alan é lidar com a pressão que receberá até os Jogos do Rio-2016.
"Estamos 'amarrando' o Alan em várias funções. Mas o principal trabalho é na formação psicológica, porque ele vai ser muito visado", disse Ciro Winckler, coordenador da seleção brasileira.
Além da parte mental, houve ênfase no físico e na técnica. Após Londres, Alan teve aumento de 4% em sua massa muscular. "E vamos melhorar isso", disse Winckler.
O salto foi instantâneo, com ganhos de até meio segundo em tiros nos treinos. Em junho, bateu o recorde mundial dos 100 m --10s77.
No domingo, já no Mundial, melhorou em 64 centésimos o recorde dos 200 m, que pertencia a Pistorius, e fez 20s66. Com essa marca, ele seria semifinalista da prova no Mundial de Daegu, na Coreia do Sul, em 2011 --contra atletas sem deficiência.
O recorde brasileiro dos 200 m entre os olímpicos, de Claudinei Quirino, é de 19s89.
"Quero correr perto dos 20 segundos ou até entrar na casa dos 19 segundos", disse à Folha Alan, que triunfou nos 100 m com 10s80 e ainda correrá os 400 m e o 4 x 100 m.
O segredo para ser mais veloz está nas próteses. No fim de agosto, Alan e Winckler voltarão à Europa. Lá, farão testes nas fabricantes Ottobock e Össur, as maiores do ramo, para consumarem uma encomenda sob medida.
É um "luxo" reservado apenas a atletas com recursos, como Pistorius. Cada par de próteses custa R$ 10 mil e tem vida útil de menos de um ano.
Para Winckler, um equipamento mais confortável pode acelerar a performance.
Nos Jogos de Londres, as próteses foram alvo de imbróglio entre Alan e Pistorius --o sul-africano não está em Lyon porque responde à acusação de assassinato da namorada.
Após perder o ouro nos 200 m, Pistorius insinuou que Alan se beneficiou de um aumento de cinco centímetros em seu equipamento --o que estava dentro da regra.
"O Pistorius já passou. Quero dissociar minha imagem da dele", disse o paraense. "Não penso em correr a Olimpíada. Mas posso mudar de ideia em quatro anos."
Philippe Desmazes - 21.jul.2013/AFP | ||
Alan Fonteles bate o recorde mundial nos 200 m, classe T43, na final do Mundial em Lyon, na França |
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