Governo gaúcho quer tirar Brigada Militar de jogos de futebol
Diante de uma piora nos índices de violência, o governo do Rio Grande do Sul se articula para retirar policiais militares dos jogos de futebol.
A justificativa é que o dinheiro público é gasto com um evento privado, prejudicando o resto da população, que fica com menos policiamento nas ruas.
O Conselho de Desenvolvimento, órgão que auxilia o governador Tarso Genro (PT), já deliberou a favor da medida. A Brigada Militar (a PM gaúcha) elabora projeto de lei que será encaminhado à Assembleia Legislativa mudando os padrões de atuação da polícia nas partidas.
O modelo de segurança da Fifa para a Copa do Mundo, com agentes privados nas arquibancadas, é usado como argumento.
O governo propõe como alternativa à saída dos PMs o pagamento, pelos clubes, de uma compensação aos gastos públicos.
O problema são os jogos de Grêmio e Inter, os dois clubes do Estado que atraem grandes públicos.
Em partidas com previsão de mais de 30 mil torcedores, o comando da polícia afirma que precisa escalar até 600 homens.
Com isso, diz, até 400 mil moradores ficam sem policiamento três dias por semana. Além do efetivo escalado para o futebol, os jogos ainda geram folgas para os policiais em dias úteis.
A Brigada Militar afirma que gastou R$ 8 milhões com a segurança das partidas oficiais no ano passado. O Estado teve em 2012 um pico histórico no número de homicídios dolosos --quase 2.000.
"Enquanto o soldado está dentro do estádio, ele não está na rua fazendo policiamento ostensivo", diz o comandante-geral da Brigada, Fábio Duarte.
Lucas Uebel/Divulgação/Grêmio FBPA | ||
Lance do jogo entre Grêmio e Inter pelo 1º turno do Campeonato Brasileiro |
MAIS DESPESAS
Os clubes e a federação gaúcha criticam a proposta do governo.
O dirigente do Grêmio Nestor Hein diz que os times não têm como arcar com mais essa despesa e que os custos seriam repassados ao valor do ingresso, provocando ainda maior "elitização" nas arquibancadas. Afirma ainda que o Estado está "falido" e busca arrecadação.
"Se a Brigada enveredar por não ir mais, o que acontecer nos estádios debite-se a quem tomou essa iniciativa."
O Estatuto do Torcedor estabelece que as polícias façam o trabalho de segurança.
O Ministério Público gaúcho, que acaba de criar uma Promotoria do Torcedor, vê a presença dos policiais como "imprescindível" e diz que um eventual ressarcimento pelos clubes precisaria ser regulamentado.
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