Treinamento é o segredo da soberania queniana, dizem atletas
Os quenianos venceram, novamente, a São Silvestre.
Com Edwin Kipsang (bicampeão), 25, e Nancy Kipron, 34, o país africano chegou ao 25º título, entre homens e mulheres, nos últimos 23 anos, quando a prova passou a ter percurso de 15 km.
Neste período, o Brasil acumula 11 vitórias no total. Se considerado desde 1945, quando a prova passou a ser internacional, mas com distâncias diferentes da atual, são 16 títulos brasileiros.
Ontem, com largada e chegada na avenida Paulista, o melhor brasileiro foi Giovani dos Santos, 32, quarto colocado, como em 2012. Já entre as mulheres, Sueli Pereira da Silva terminou na sexta posição. Ano passado ela foi sétima, e a melhor brasileira foi Tatiele de Carvalho, sexta.
O pódio feminino foi todo africano, com Quênia (em 1º e 5º), Etiópia (2º) e Tanzânia (3º e 4º). No masculino, os três primeiros foram quenianos e o quinto, marroquino. O intruso foi Giovani (4º).
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
Queniano Edwin Kipsang cruza a linha de chegada e vence a 89ª prova da São Silvestre masculina em São Paulo |
Os dois vencedores de ontem são treinados pelo brasileiro Moacir Marconi, o Coquinho, que também é agente de alguns atletas africanos.
Mas este não é o principal motivo para mais duas vitórias quenianas na São Silvestre. Vencedores e vencidos concordam em um ponto: o segredo é o treinamento.
"As brasileiras precisam treinar mais do que treinam", afirma a sexta colocada Sueli. "Nós treinamos mais forte do que elas [brasileiras]", afirma a queniana campeã.
Os atuais campeões estavam treinando exclusivamente para a São Silvestre há dois meses, em Iten, no Quênia, local a 2.400 metros de altitude onde o país tradicionalmente forma seus campeões.
Quando estão no Brasil, duas a três vezes por ano, Edwin e Nancy treinam em Nova Santa Bárbara, norte do Paraná, onde Marconi tem um centro de treinamento e concentração para os atletas.
O melhor brasileiro na prova deste ano disse que se preparou para a São Silvestre durante um mês. Em 1º de dezembro passado, ele venceu a Volta da Pampulha, prova de 17,8 km em Minas Gerais.
"Se correr toda prova que tiver, não acompanha [os quenianos], aí não dá para competir de igual para igual com eles", afirma Giovani.
Como o Quênia tem muitos atletas entre os melhores do mundo, não são os mesmos que disputam todas as corridas, apesar de haver um grupo –no qual estão Edwin e Nancy– que costuma correr várias provas no Brasil.
O tempo de 43min47s feito por Edwin ontem, no entanto, não o coloca entre os 50 melhores quenianos do mundo em provas de 15 km neste ano. O mesmo vale para os 51min58s de Nancy.
Mas, para ambos, foi o suficiente para vencer, de novo, os brasileiros em São Paulo.
Marcel Merguizo/Folhapress |
Noiva e cangaceiro na São Silvestre |
RETROSPECTIVA
No último dia do ano, a Paulista viu uma pequena retrospectiva passar por meio de alguns dos 27.500 inscritos da São Silvestre.
A avenida, marcada em 2013 por protestos, teve uma manhã de sol abençoada pelo papa Francisco, o atleta fantasiado mais fotografado antes da largada. Um sósia do presidente dos EUA, Barack Obama, também foi às ruas, mas acabou apenas observado pelos outros.
Atuaram para as TVs: a noiva beijando o cangaceiro e o Super-Homem e a Mulher Maravilha de mãos dadas. Entre tantos personagens antigos, havia um novo: Fuleco, o mascote da Copa.
E ainda teve tempo para um único protesto na 89ª edição (ou "octanônima", como dizia o locutor) da prova: o de um torcedor, com camisa da Portuguesa, contra o rebaixamento de seu time para a Série B
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