'Romário e Ronaldo reinventaram a posição de centroavante', diz Henry
Em entrevista à revista trimestral The Blizzard, Thierry Henry, 37, atacante do New York Red Bulls, faz uma análise retrospectiva de sua carreira, apresenta sua visão sobre o futebol e revela seus principais ídolos no esporte (entre eles, os brasileiros Romário e Ronaldo, que, segundo ele, "revolucionaram a posição de centroavante").
O jogador, campeão da Copa do Mundo de 1998 pela França, afirma que apesar de ter se transformado em um dos maiores atacantes da história de seu país, não nasceu com o dom de fazer gols.
"Eu enfatizo a palavra 'trabalho', porque é a base de tudo. Você pode ter um dom, mas se não trabalhar... Eu era veloz, no começo da carreira. Eu precisava ter dez chances para fazer um gol - mas ao mesmo tempo, eu continuava criando essas chances. Então eu disse a mim mesmo: 'você não terá essas chances o tempo todo. Você precisar colocar a bola nas redes'. Então, para evitar pensar demais na frente do goleiro, você precisa trabalhar na sua finalização, para que ela se torne automática", disse.
Don Emmert/AFP | ||
Henry aplaude a torcida em amistosos entre Red Bull e Arsenal |
O jogador, cuja aposentadoria dos gramados tem sido especulada recentemente, afirma que Romário, Ronaldo e o liberiano George Weah foram suas principais influências no futebol.
"O Ronaldo fez coisas que ninguém havia visto antes. Ele, junto de Romário e Weah, reinventaram a posição de centroavante. Eles foram os primeiros a sair da área para buscar a bola no meio campo, a movimentarem-se pelos flancos, atrair e desorientar os zagueiros com suas corridas, acelerações e dribles. Quem havia feito isso antes? Gerd Müller? Paolo Rossi? Não", disse.
Mas para o francês, que reiteradamente valoriza a importância do jogo coletivo, houve também consequências negativas no destaque alcançado por esses jogadores.
"Chegou um momento em que a mídia e o marketing começaram a individualizar a performance no futebol. As pessoas pararam de destacar a dimensão coletiva do jogo, a forma que um gol é construído. Tudo foi voltado ao individual. E então não estamos mais falando de futebol", analisou Henry.
Henry afirma que aprendeu ao longo dos anos que o prazer de dar assistências a um companheiro pode ser igual ou maior que o de fazer um gol.
"Para mim, a coisa mais bonita é dar o passe quando você mesmo está em posição de fazer o gol. Você sabe que é bom o suficiente para marcar, mas você dá a bola. Você compartilha. E você vê a alegria nos olhos do outro cara. Você sabe, ele sabe, todo mundo sabe. As pessoas nunca entenderam quando eu faço isso [Henry faz um gesto característico de comemoração após os gols, com as mãos acima dos ombros]. Isso não quer dizer 'Olhem para mim, eu fiz um gol', mas sim 'Venham aqui, vamos comemorar juntos, para saborear o momento juntos". explicou.
Gabriel Bouys/AFP | ||
Henry comemora gol pela França na Copa de 1998 |
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