Adaptação de obras do Pan para a Olimpíada passa de R$ 376 milhões
A readequação de instalações construídas ou reformadas para os Jogos Pan-Americano de 2007, no Rio, para a Olimpíada de 2016 vai custar mais de R$ 376 milhões.
Dez arenas usadas há pouco mais de sete anos passarão por obras para sediar competições no próximo ano.
Algumas obras já estavam previstas em 2007, caso a cidade fosse eleita sede olímpica. Outras, porém, contradizem o discurso de que as instalações serviriam como legado para os Jogos de 2016.
Organizadores do Pan e da Olimpíada dizem que as exigências mudaram ao longo dos anos e que os gastos são o mínimo necessário para atender às exigências do Comitê Olímpico Internacional.
A reforma de seis dessas dez arenas a serem reutilizadas vai custar R$ 376 milhões. A Prefeitura do Rio e o governo do Estado afirmam ainda não ter definido o gasto de outras quatro. Juntas, elas consumiram R$ 1 bilhão, em valores atualizados, no Pan.
O Maracanã e a Arena da Barra, que também serão reutilizados, por enquanto não têm obras previstas.
A lista não inclui a construção do novo velódromo, que custará R$ 112,9 milhões. Ele será erguido após a desmontagem da instalação erguida para o Pan, tida como inadequada para padrão olímpico.
O gasto com a construção de arenas para o Pan quadruplicou entre 2002 –quando o Rio foi escolhido– e 2007. Organizadores argumentaram que era preciso fazer uma competição de altíssimo nível para fortalecer a candidatura para os Jogos de 2016.
O esforço teve sucesso na disputa pela sede, mas não evitou que novos gastos milionários fossem feitos.
Em 2007, o custo das obras no Complexo Esportivo de Deodoro foi de R$ 177 milhões (em valores de hoje) –o dobro do previsto inicialmente.
O objetivo era criar centros de hipismo e de tiro esportivo aptos a receber competições internacionais.
PROJETO INADEQUADO
O Centro Nacional de Tiro Esportivo, porém, será reformado por custo não detalhado pela prefeitura –a obra faz parte de um contrato de R$ 647 milhões que inclui oito arenas. A Riourbe, responsável pela empreitada, diz que não pode detalhar o preço porque o projeto executivo ainda está em elaboração.
Segundo o presidente da confederação de tiro, Durval Balen, a adaptação vai além dos equipamentos. Ele diz que as pedanas –locais de onde partem os pratos a serem alvejados– foram instaladas em área inadequada e que os banheiros foram construídos a 300 m do estande.
"Foi escolhido um projeto que, para quase toda a comunidade do tiro, não era adequado. Foram feitos gastos enormes em coisas desnecessárias e outras deixaram de ser feitas", disse Balen.
Segundo a Empresa Olímpica Municipal, sete estandes de tiro passarão por adaptações e será construído um outro, temporário, para as finais, com 2.000 assentos.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
A adaptação mais cara será a do Centro Nacional de Hipismo. Custará R$ 157 milhões. Serão erguidos clínica veterinária, ferradoria e uma vila de tratadores de três prédios com 72 apartamentos.
Outros gastos estavam previstos em 2007, como o do Engenhão, que receberá mais 15 mil assentos e terá melhorias na iluminação e na pista de atletismo. O estádio passa por reparos para evitar a queda da cobertura por falha de projeto –o custo, pago por empreiteiras, não foi revelado.
O Parque Aquático Maria Lenk terá novas piscinas de aquecimento e outras intervenções por R$ 32,5 milhões. O Julio Delamare passará por reforma de R$ 85 milhões. A obra será feita pela concessionária que gere o Maracanã.
EXIGÊNCIAS SE RENOVAM, DIZEM ORGANIZADORES
Os organizadores dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e da Olimpíada de 2016 afirmaram que as federações esportivas e o COI (Comitê Olímpico Internacional) renovam exigências anualmente, o que exige a adaptação das arenas inauguradas há sete anos.
"Cada federação internacional faz exigências que se ampliam ou renovam a cada evento. E informam que há especialista que só ele pode fazer. Os eventos legitimam negócios", disse o vereador César Maia (DEM), prefeito do Rio à época do Pan.
O Ministério do Esporte disse que Deodoro teve mais de 300 eventos esportivos após o Pan, entre eles competições internacionais. Para a pasta, as obras visam, além de cumprir exigências das federações, "corrigir problemas causados pelo desgaste".
A Empresa Olímpica Municipal afirmou que busca atender às exigências "de forma eficiente, mas também simples e econômica". "Por isso foi tomada a decisão de aproveitar ao máximo as instalações já existentes. Em Deodoro, 60% das instalações permanentes já integram o complexo esportivo. Nas quatro regiões olímpicas, 55% dos locais de competição já existem e precisam apenas de adaptações", disse o órgão.
"O investimento necessário para adaptar alguns desses locais atende a exigências não existentes na época da oficialização da candidatura do Rio, em 2007, como parâmetros de sustentabilidade e de segurança".
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