Censurada, seleção do Qatar pode fazer história no Mundial de handebol
Rafael Capote desertou em 2007 de Cuba, deixando a concentração da delegação do país no Pan do Rio rumo a São Caetano do Sul, de táxi.
Nos últimos dias, é das perguntas que o armador foge. Capote é um dos nove estrangeiros dos 16 atletas da equipe do Qatar que, censurados, estão prestes a escrever um capítulo histórico no handebol nesta sexta-feira (30).
O país asiático que sedia o Mundial masculino pode ser o primeiro fora da Europa a conseguir uma medalha na competição após 23 edições.
Para alcançar tal feito já hoje, precisam vencer a Polônia, às 13h30 (de Brasília), em uma das semifinais do Mundial. Em seguida, às 16h, a atual campeã Espanha encara a França, bi olímpica.
O resultado qatari, no entanto, não está totalmente descolado da Europa, centro do handebol mundial.
Dos 16 atletas, seis são europeus. E o técnico no comando da campanha histórica também é do Velho Continente: o espanhol Valero Ribera.
Há dois anos, quando o treinador foi campeão do mundo em casa, com seu país, a seleção qatari ficou em 20º, com quatro dos jogadores que estão neste Mundial.
Agora, recebendo cerca de R$ 2,4 milhões por ano, Rivera convenceu jogadores a deixar seus times nas fortes ligas da Espanha e da Alemanha para jogar no campeonato qatari. Quinze deles atuam no pequeno e rico emirado do Golfo Pérsico, a maioria na equipe do Al-Jaish. Assim, puderam treinar juntos mais do que qualquer seleção.
O único que não joga nas modernas e luxuosas arenas no meio do deserto é o goleiro Danijel Saric, nascido na Bósnia e titular do Barcelona. O time espanhol é o atual bicampeão mundial de clubes.
Questionado na última entrevista sobre sentir-se mais qatari, Saric não pode responder, pois foi interrompido pelo técnico. "Só falamos de handebol", disse Rivera.
A recomendação é feita pelo próprio assessor de imprensa dos donos da casa.
No caminho entre a quadra e o vestiário, quando passam pelos jornalistas, os atletas do Qatar também evitam a imprensa estrangeira. "Não posso falar", repete Capote depois de cada jogo.
O cubano, o bósnio Saric (candidato a melhor jogador do campeonato) e o montenegrino Zarko Markovic (vice artilheiro do torneio) são os destaques da seleção.
"Eu acreditava nesta equipe desde que me juntei a eles. O povo e a Federação do Qatar merecem esse resultado. Não há segredos por trás deste sucesso. Somos mais como uma família do que um time", disse Markovic, com 55 gols e a apenas um da artilharia.
O Qatar, realmente, não esconde seus segredos. Ao contrário, exibe com ostentação.
O repórter MARCEL MERGUIZO viaja a convite da organização do Mundial
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