Desconfiança e imediatismo são desafios para Osorio no São Paulo
Luis Eduardo Noriega - 15.mai.2015 | ||
Juan Carlos Osorio orienta o Atlético Nacional em jogo contra o Emelec pela Libertadores |
Já faz 55 anos que um treinador estrangeiro conquistou um título nacional à frente de um time brasileiro. E o argentino Carlos Volante nem foi o comandante do Bahia em toda a Taça Brasil de 1959, mas apenas no jogo extra da decisão contra o Santos, disputado já no ano seguinte.
Desde então, a trajetória de técnicos gringos no país é marcada por sucessivos fracassos alternados com um ou outro caso de relativo sucesso.
Só nos últimos dez anos, naufragaram, entre outros, o argentino Ricardo Gareca (Palmeiras, 2014), o uruguaio Jorge Fossati (Inter, 2010) e dois ex-campeões do mundo como capitães: o alemão Lothar Matthäus (Atlético-PR, 2006) e o argentino Daniel Passarella (Corinthians, 2005).
É contra essa bagagem negativa –que fixou a máxima de que técnico estrangeiro não funciona aqui– que o São Paulo decidiu lutar ao contratar nesta terça (26) Juan Carlos Osorio, 53.
O colombiano, que dirigia o Atlético Nacional desde 2012, vai ocupar o cargo vago desde a saída de Muricy Ramalho, em abril –Milton Cruz dirigia o time interinamente.
O novo treinador são-paulino será apresentado nesta quinta-feira (28) e assinará contrato até o fim de 2016.
A contratação de Osorio concretiza o desejo do vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, que jamais escondeu a vontade de ver o time do Morumbi nas mãos de um gringo.
Antes mesmo da saída de Muricy, o dirigente articulava uma possível contratação futura do português André Villas-Boas, do Zenit (RUS).
Quando Muricy saiu, a primeira opção foi procurar o argentino Alejandro Sabella, que dirigiu a seleção de Messi na Copa do Mundo de 2014. O namoro não deu certo, assim como o flerte com o também argentino Jorge Sampaoli, o comandante do Chile.
Enquanto negociava com Osorio, o clube ainda conversou com o português José Peseiro, ex-treinador do Braga.
Apesar de ser peça de um projeto tão desejado pela diretoria são-paulina, o colombiano irá enfrentar no Brasil dificuldades que minaram as trajetórias de outros treinadores estrangeiros no país.
Osorio chega com o Brasileiro em andamento. Por mais que seja estudioso, com pós-graduação em futebol por faculdade inglesa e experiência nos EUA e Manchester City, não conhece o elenco e seus adversários tão a fundo quanto um técnico local.
E não terá muito tempo para se adaptar ao Brasil.
Foi esse o cenário da derrocada de Gareca no Palmeiras em 2014. Apesar de elogiado por torcedores e dirigentes, durou só três meses por não fazer o time vencer.
O uruguaio Diego Aguirre, o outro treinador estrangeiro da Série A, teve um período de adaptação e já dá resultados. Contratado no início do ano, teve um início contestado no Inter, mas ganhou o Gaúcho e está nas quartas de final da Copa Libertadores.
Aguirre tem a vantagem de ter um elenco comandado em campo por um gringo, o argentino D'Alessandro, o que ameniza a desconfiança com que treinadores de fora costumam ser recebidos pelo elenco.
Era comum no Palmeiras de Gareca ouvir atletas brasileiros afirmando que não compreendiam suas ideias e o estilo de jogo. No Corinthians de 2005, houve problemas de relacionamento entre os atletas e o treinador argentino Daniel Passarella.
RAIO-X
Juan Carlos Osorio
NASCIMENTO
8.jun.1961 (53 anos), em Santa Rosa de Cabal (COL)
CARREIRA
Foi treinador de Chicago Fire e New York Red Bulls (EUA), Puebla (MEX), Millonarios, Once Caldas e Atlético Nacional (COL)
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade