Bernardinho diz que não entende crítica de Giba sobre jogo no Mundial
Diego Padgurschi/Folhapress | ||
O campeão olímpico Giba participa de sabatina na Folha nesta segunda (21) |
O técnico Bernardinho, 56, disse nesta terça-feira (22) que não entendeu a crítica do ex-jogador Giba, 38, sobre sua postura após o jogo contra a Bulgária, no Mundial de 2010.
Bernardinho, assim, responde à afirmação de Giba que, na série de sabatinas olímpicas da Folha, nesta segunda (21) à noite, admitiu a "marmelada" e ainda criticou o treinador por não ter dado às devidas explicações à época.
"Eu fui à coletiva de imprensa no dia do jogo em que perdemos para a Bulgária, fui o último a sair da sala, após responder absolutamente todas as perguntas dos jornalistas, tem a minha declaração oficial no site da competição e não sei por qual motivo houve uma afirmação contrária a isso", disse Bernardinho à Folha, por meio da assessoria de imprensa da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei).
Giba, no entanto, refere-se à entrevista coletiva que os jogadores deram no desembarque ao Brasil. Desta, Bernardinho não participou.
A declaração ao qual o comandante da seleção se refere está, em inglês, no site da FIVB (Federação Internacional de Vôlei), e foi dada após a derrota para os búlgaros.
"Eu não pedi aos meus jogadores para jogarem para perder esta noite. Tivemos alguns jogadores com problemas físicos e temos de estar prontos para o jogo de segunda-feira. Com certeza jogar contra a Alemanha e a República Tcheca não vai ser mais fácil do que jogar contra Cuba", explicou Bernardinho naquele 2 de outubro de 2010, no Mundial na Itália.
Giba, então capitão da seleção, esteve na mesma entrevista coletiva, como destaca a FIVB em declaração do então jogador da seleção.
"Para nós, o verdadeiro torneio terá início na próxima segunda-feira. Decidimos deixar o nosso levantador descansar um pouco porque ele tem que fazer o seu melhor na próxima semana. Mesmo a outra equipe decidiu deixar seu levantador e seu líbero descansarem. Temos que esquecer este jogo e pensar à frente, na segunda-feira ", comentou Giba naquela noite.
Na Sabatina da Folha, porém, o ex-jogador mudou sua versão. "Vamos parar de demagogia se entregou ou não. Todo mundo viu. Mas briguem com o regulamento, não briguem com a gente", afirmou Giba.
O Brasil disputava a liderança do grupo, mas teria jogos mais fáceis se ficasse em segundo. Então, o levantador Bruninho foi poupado e, como o reserva Marlon recuperava-se de infecção, o time jogou sem levantador.
"Fiquei com vontade de dar um soco no Mário Jr", brinca Giba, referindo-se ao líbero que, após o jogo, disse que o time tinha "entregado" o jogo.
"Tive que desmentir tudo. E não achei legal da parte do Bernardo. Como ele não vai à coletiva no meio do furacão? Falei isso para ele. E ele ficou incomodado", contou Giba.
MARMELADA E TÍTULO
O jogo citado por Giba aconteceu no Mundial de 2010, na Itália. Classificada para a terceira fase por antecipação, a seleção brasileira perdeu para a Bulgária por 3 sets a 0, com parciais de 25/18, 25/20 e 25/20, e terminou a segunda etapa do torneio em segundo lugar no Grupo N.
Mariana Bastos/Folhapress |
"Ancona, 2-10-2010, o dia da vergonha", dizia o texto no cartaz, em italiano, sobre o jogo que o Brasil entregou para a Bulgária |
Com isso, o Brasil enfrentou República Tcheca e Alemanha na fase seguinte. Se terminasse em primeiro, encararia Cuba e Espanha.
Durante a partida, enquanto perdia para a Bulgária, a seleção brasileira foi vaiada pela torcida italiana. Bernardinho ficou longe ainda de mostrar o seu famoso temperamento explosivo durante o jogo. Foram raras as vezes em que ele gritou, gesticulou e passou instruções para os jogadores durante a partida.
Após o jogo, o treinador admitiu que poupou jogadores na partida que definiu a classificação do Brasil para a terceira fase do Mundial.
"Estou me sentindo horrível", disse Bernardinho. "Mas a torcida tem todo o direito [de vaia], mas tem que ver tudo o que está acontecendo", completou.
Logo após a partida, Giba afirmou que aquela derrota era uma mancha em sua carreira.
Os jornais italianos estamparam manchetes utilizando termos como "escândalo" e "farsa" para descrever a "marmelada". Em sua coluna no diário "Gazzetta dello Sport", o maior ídolo do vôlei italiano, Andrea Zorzi, declarou ter ficado com o "estômago embrulhado" com a atuação do Brasil.
O Brasil venceu os dois rivais, derrotou a Itália na semifinal e ganhou o título mundial com uma vitória sobre Cuba.
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